Briefing da Uma. «Nem os governos, nem as instituições comunitárias, nem as forças políticas dos diversos Estados, nem os media têm sabido exercer um devido trabalho pedagógico para, através dele, quebrar o preocupante alheamento dos cidadãos (face à UE), bem patente nas eleições para o Parlamento Europeu», palavras de Sampaio.
1 – Sampaio e Jornalismo Oficial Europeu…
2 – Presidente Português e omissões europeias…
3 – Chefe de Estado e Tratado da União
1 – (O Presidente Português responsabilizou os jornalistas pelo alheamento dos cidadãos face à União Europeia. Nada a dizer?) - « Sobre isso muita coisa haveria a dizer mas, para garantia da serenidade, é melhor estarmos calados. Confirma-se em todo o caso que Jorge Sampaio afirmou, em alto e bom som, que os jornalistas são responsáveis por tal alheamento, preconizando políticas de imagem… designadamente para ‘anular muitas caricaturas que prejudicam adesões’. Sampaio responsabilizou tudo e todos por tal alheamento, apenas poupou da sua crítica as Igrejas, as Mesquitas e as Sinagogas. Se o Presidente da República, com isso, sugere a instauração de um Jornalismo Oficial Europeu para salvar a União Europeia ou, por outras palavras, um jornalismo orientado para induzir os cidadãos, então o caso é grave.»
2 – (Mas concretamente quanto aos media portugueses, essa responsabilidade não é notória?) - «De modo geral, os media em Portugal têm destinado às questões europeias espaço apreciável. Nas eleições para o Parlamento Europeu até foi dedicado mais do que se esperava e o noticiário quotidiano reporta o essencial. Ou Sampaio não lê jornais, não ouve rádio e não vê televisões, ou então – e recusamo-nos admitir isso – o Presidente Português entrou numa fase de procura de protagonismos espúrios, desnecessários e inglórios para a sua função. Na parte que diz respeito a Portugal, as omissões dos media são clamorosas, sim, é quanto ao que de pior acontece nas instituições comunitárias, minadas pela corrupção e pelo tráfico de influências. Nos serviços da Comissão, veja-se por exemplo o que os funcionários espanhóis fizeram contra os interesses pesqueiros de Portugal, designadamente com o mais recente episódio dos Açores. Se há problemas de comunicação em matéria europeia, tais problemas são os da omissão. Se tudo fosse dito como devia ser dito e contado, possivelmente o alheamento dos cidadãos ainda seria maior. Que Sampaio se informe junto de um autêntico perito em omissões que é António Vitorino, antes de, falando, quebrar a serenidade dos jornalistas, pelo menos de alguns, presumivelmente já poucos, que são avessos a qualquer central de imagem. E isto para não falarmos do escândalo da corrupção no EUROSTAT, nos esquemas de financiamentos ao desenvolvimento para África, nos expedientes escabrosos para afastar competentes funcionários portugueses de serviços estratégicos da Comissão a favor de espanhóis e holandeses, por aí fora… As omissãoes são tantas que tudo nos leva a crer que central de imagem já existe e Sampaio perdeu uma excelente oportunidade para estar calado.»
3 – (O Chefe de Estado classificou o Tratato da UE como a mais notável realização diplomática dos nossos dias…) - «Sim, é verdade que disse isso e que com tal tratado, a entrar em vigor, a União Europeia assume o seu dever de actor global, citando a exemplo, o combate ao terrorismo… Compreende-se que Sampaio não tenha falado do essencial e das repercussões do essencial nas matérias da representação político-institucional da almejada União. No Conselho de Segurança das Nações Unidas, por exemplo, onde França e Reino Unido tudo fazem para conservar os privilégios de 1945 e a Itália também faz tudo para impedir que a Alemanha aceda ao direito de veto, enquanto outros Estados prefeririam que a Europa tivesse uma só voz e um só voto. Mas enfim, é bem possível que uma futura central de imagem que oriente os cidadãos portugueses no referendo do Tratado, sejam confrontados com o mote de Sampaio – ‘ou votas sim ou estás contra o actor global no combate ao terrorismo’. Sampaio também já aprendeu com a diplomacia do Vaticano – falar do acessório, esquecer o essencial.»
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