Briefing da Uma. «Todos os Estados sente-se na obrigação de criar uma utopia sempre que perdem o contacto com o mito, pá», diria Ernst Jünger segredando ao ouvido de Sampaio antes deste ouvir ou pronunciar o nome de D. Carlos V.
1 – Fátima/Vaticano
2 – Portugal/São Tomé
3 – Caso Sequeira de Carvalho/Bruxelas
4 – Caso Cônsul-Geral em Toronto
1 – (Há algum reparo ainda que informal do Vaticano sobre as faladas incursões budistas e muçulmanas no Santuário de Fátima?) - «Não há nem tinha que haver. O Estado Português respeita a liberdade de culto e a tolerância entre religiões diz respeito a estas. Não pois qualquer indício de interdição de cultos e muito menos de intolerância. Posso adiantar-vos que, hoje mesmo, o chefe de missão de NV junto do Vaticano e que vai obviamente escrutinar a actuação do novo Embaixador Português junto do Estado da Santa Sé, Emb. Rocha Páris, nos reportou que o Papa João Paulo II acaba de declarar que a sua intenção geral das suas orações para o mês de Outubro é «Para que os cristãos, firmes na sua fé, estejam disponíveis para o diálogo com os que pertencem a outras tradições religiosas». Rocha Páris já deve ter enviado esta importantíssima intenção para a Cifra das Necessidades e que naturalmente interessa a Fátima, como Fátima e enquanto Fátima. Nada mais temos a acrescentar sobre esta matéria.»
(Mais uma questão, nesse âmbito: o Estado Português já foi consultado sobre uma eventual nomeação do novo bispo para Leiria/Fátima?) - «Cremos que vai prevalecer o espírito da Concordata revista, embora o texto ainda não tenha entrado em vigor. Como sabem, o Estado abdicou da sua intervenção no processo de nomeação dos bispos, mesmo que sob a figura da prévia informação ou consulta. Esse procedimento está eliminado. Se o Vaticano, por gentileza diplomática ou polidez protocolar o desejar fazer, registaremos e nada mais. Meus senhores, boa tarde que estamos atrasados para tomar o TGV para Compostela. Boas tardes...»
(Um momento, por favor um momento. Pode dizer-nos qual o nome do novo bispo para Leiria/Fátima?) - «Sobre essa questão, apenas podemos referir que corre informalmente uma forte hipótese, a do bispo auxiliar do Porto, D. António Carrilho. Uma hipótese. Mas há mais, isso está no segredo dos deuses e estes nunca fizeram e jamais farão briefigns. Boa tarde...»
2 – (Só uma pequena questão. Conforma que o MNE da São Tomé se encontra com António Monteiro, segunda-feira, em Lisboa) - «É verdade. O MNE santomense Ovídio Pequeno encontra-se com António Monteiro, segunda-feira, às 13 horas e 30. Boas tardes... estamos atrasados para o TGV.»
3 – (E não fala dessa queixa de uma administrador principal português na Comissão Europeia, Sequeira de Carvalho?) - «Os senhores vão ser responsáveis por eu perder o TGV para Compostela! A parte substancial dessa queixa vai ser colocada em Notas Formais, podem abrir e ler. Adiantamos que no contexto das audições pelo Parlamento Europeu dos futuros membros da Comissão Durão Barroso, no dia 6 de Outubro será ouvido o futuro comissário Siim Kellas, próximo responsável pelo pelouro da Administração. Os eurodeputados portugueses podem questionar com legitimidade o indigitado comissário sobre os estranhos casos de atestados médicos falsos recorrendo ao móbil psiquiátrico e outras pressões levados a cabo por alguns responsáveis do Serviço Médico da Comissão Europeia, nomeadamente por iniciativa de um médico chamado Serve DOLMANS de nacionalidade holandesa, com o intuito deliberado de prejudicar e mesmo destruir as carreira de um número já significativo de funcionários portugueses na Comissão Europeia. Para além de Sequeira de Carvalho, o caso presente, temos conhecimentos de anteriores casos que envolveram Ataíde Portugal (que teve de ser hospitalizado pelo choque da medida inexplicada), Leite de Magalhães (que teve mesmo um enfarte no miocárdio e ainda os casos de Mesquita da Cunha, Carlos Reis e Paula Valério. São casos a mais com portugueses... Mas desculpem, temos que apanhar já e já o TGV para Compostela! Boas tardes!!!»
4 – (Sabemos que tem que apanhar o comboio de elevadíssima velocidade para Compostela, mas não tem nada para acrescentar sobre o caso do Cônsul-Geral afastado de Toronto? - «Sobre esse caso, podemos garantir que o relatório policial canadiano confere que o diplomata Artur Magalhães agrediu no rosto um polícia do Ontário e que o Minstério Público desse país preparava uma queixa-crime contra o Cônsul-Geral português.
(Mas o MNE ou a embaixada de Portugal em Otava não tentou ao menos obter cópia do relatório policial) - «Claro que tentou, mas essa cópia apenas seria facultada pela polícia, caso o Ministério Público canadiano tomasse a decisão de não arquivar o processo. A decisão acabou por ser tomada: a de não arquivar.»
(Corre portanto a queixa-crime?) - «Não corre, não corre, o Ministério Público canadiano acabou por proceder ao arquivamento do processo.»
(Em que base, se o diplomata Artur Magalhães queria ser julgado em tribunal?) - «Foi arquivado porque Portugal, a nível de MNE mas pelos canais diplomáticos, propôs ao Canadá o arquivamento a troco da chamada do cônsul a Lisboa sem regresso. O julgamento, caso o Ministério Público canadiano tivesse avançado, estaria já marcado para 5 de Outubro, terça-feira... Nesse país, como sabem, a justiça não é como em Portugal e não brinca. O cônsul teve que regressar e o porta-voz das Necessidades, António Carneiro Jacinto, acabou por reconhecer que a decisão foi tomada devida ‘ao facto de se pretender assegurar a defesa dos interesses do Estado e da Comunidade Portuguesa, nomeadamente através da preservação da figura e das funções do Cônsul-Geral’ – sic ou assim mesmo para não haver confusão com Carnaxide.»
(Quer dizer que a representação consular estava em risco?) - «Corria sério, sério risco, em 5 de Outubro, caso houvesse julgamento.»
(Mas o diplomata não tinha imunidade diplomática?) - «O Cônsul-Geral, como cônsul, apenas tem imunidade funcional, não tem imunidade diplomática.»
(Mas tanto tempo para um incidente que ocorreu no dia 21 de Agosto?) - «O embaixador em Otava, Silveira de Carvalho, tomou conhecimento do caso três dias depois, com base na versão que lhe foi nesse dia encaminhada pelo cônsul, versão essa redigida em inglês.»
(Em inglês, para o Embaixador português?) - «Em inglês, para ser transmitida ao MNE do Canadá.»
(O embaixador Silveira de Carvalho não fez nada para salvar o colega de carreira?) -«Fez tudo o que podia e em tempo. Logo no dia 1 de Setembro, o Embaixador auscultou a disponibilidade do MNE canadiano no sentido de sugerir ao Ministério Público o arquivamento do processo. O que será impossível nesse País. Recordo-lhe, por exemplo, que na década de 80, houve um caso exemplar: a polícia detectou o Ministro federal canadiano dos Transportes a circular na auto-estrada com velocidade superior às 110 milhas permitidas e foi quanto bastou para o ministro ter que se demitir do Governo. Podem fazer comparações com casos ocorridos em Portugal... Mas desculpem, temos que ir para Compostela, já... Qual o quê? Que horas são?... O quê? Santo Deus!... Perdemos o TGV. Adeus Compostela.... Mas não faz mal, que Compostela fique para quem, na vida, só apanha comboios.»
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