Tudo isto para dizer que o barco do Camões está parado, com as braçadeiras soltas, as forquetas saídas, incapaz de se assumir como a instituição que assegura a orientação, coordenação e execução da política cultural externa de Portugal, nomeadamente da difusão da língua portuguesa, em coordenação com outras instâncias competentes do Estado. Não anda, só desanda. O da Cooperação, vamos ver, ainda não há tempo. Nos consulados, onde os barcos são uma verdadeira frota, os que deviam apenas remar sobretudo onde o mar está bravo, pois aplicam os remos, aqui e ali, para pazadas nas cabeças dos que deviam servir e apenas servir por função de Estado. Por aí fora.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
28 outubro 2004
Como se rema nas Necessidades
Parece este Palácio das Necessidades aquele grande barco pejado de gente e de carga toda ela diplomática mas onde são poucos os remadores a debitar força para as pás, a retesar os músculos das pernas até ao finca-pés e a aplicar toda a força que o País exigirá – julgam esses poucos – nas forquetas. Um diplomata, um embaixador, um dirigente que seja bom e competente remador, rema neste Palácio seja qual for o for o ministro, seja qual for o secretário de Estado e seja qual for o o secretário-geral ou o presidente de instituto. E rema independentemente do folguedo da gente e da carga que pesa no barco. Mas pode haver um problema que perturba o movimento se é que até não conduza à paragem do barco e aos protestos e inevitável revolta dos remadores – aquele espectáculo que a pouca ou muita gente que não remando nem querendo remar, tanto aprecia. E que problema? O de se, por incompreensível actuação, quem deva comandar e coordenar os movimentos e as forças dos poucos remadores, lhe dá na cabeça em cortar as braçadeiras que fixam ao barco o suporte dos remos e em arrancar as forquetas que mantém os remos no lugar. Bem pode ficar o ministro sozinho a remar que isso não passa de fingir que está a remar, embora muito convencido que rema. Viu-se o que aconteceu com o remador Gama que foi o deixa andar, com o remador Cruz que foi o arrancar braçadeiras e com a remadora Gouveia que foi sorrir para quem partia ostensivamente remos. Com Monteiro, reconheçamos, há gente a remar - ele próprio rema e de que maneira! - mas também há gente a arrancar forquetas. Vamos ver no que dá.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário