11 outubro 2004

Con Perro! A foto com que o Embaixador Casamia anda na carteira

Embaixador Agapito, mais agitado do que nunca:
«Meu caro, com essa do Carlos V cuja meta foi a Europa do sangue, você deixa-me sem palavras. Que o Jacques Delors, em 1995, o Wilfried Martens, em 1998, o Felipe Gonzalez, em 2000, e o Mikhail Gorbachov, em 2002 tenham caído nessa, enfim honras da casa pelo Gonzalez e deferências protocolares dos outros. Mas Sampaio? Não tem um assessor que lhe abra um compêndio de história? Às vezes, o importante não é receber um prémio mas deixar de o receber! Não me diga mais! Vocês estragou-me a noite! Vou ter um pesadelo! Não me apresente mais imagens desse fundamentalista precursor! Se calhar o tipo ainda morreu a contar com mil virgens no céu! Aquilo não era um Império! Era uma rede! Estragou-me a noite!»

Até o GNR da guarita do Rilvas deu um estremeção, quando estancando a corrida, o embaixador repetiu pela sexta vez, olhando-o fixamente e apontando-lhe o dedo para o peito:
«Você estragou-me a noite! Olho nesse Carlos V!»

O guarda ficou atónito com aquele dedo:
«Mas senhor embaixador, aqui não entra ninguém que não se identifique!»

Até nos Clautros se ouviu o derradeiro berro de Agapito, e ainda bem que Teresa Gouveia já não é MNE - teria desmaiado de susto com o potente vozeirão:
«Até você? Na GNR não lhe ensinaram quem foi o Carlos V? Cale-se! Cale-se e ponha-se em sentido!»

Ora estava esta cena já no final quando entra o princípio do contraditório, sim, o embaixador Casamia que, numa pronúncia enlabiada de quem chupa de cinco em cinco segundos cana de açúcar, passa a sua vaporosa mão pelo ombro de Agapito:

«Ai que disparate! Não diga coisas destas. O Carlos V até tinha uma figura boa, sobretudo com o seu cão. Ora veja o que trago sempre na minha carteira...»

E mostrou isto que, no Museu do Prado, está carnalmente mais pronunciado:

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