12 março 2005

Breve advertência. Notas Verbais e o Palácio

Esta página, como todos os benevolentes leitores sabem desde o início, mais não é do que Jornalismo de Cidadania e numa área específica que consideramos importante, senão até vital, para o Estado Português - o que não seria o caso se isto já fosse mera Autarquia europeia, coisa que não passa pela cabeça, por exemplo, da França, da Espanha ou mesmo da Dinamarca. A isso, por certo, deveria também corresponder uma Diplomacia de Cidadania, mas são estas contas de outro rosário. Com a entrada em funções do XVII Governo, reafirmamos a bissectriz traçada para Notas Verbais: é preciso tender para a perfeição sem a pretender… E com isto, se diz que a independência de espírito não precisa de novas fronteiras, que com Sérgio o exercício da crítica reivindica avenidas largas e que a alma só se justifica como alma se não se vender por qualquer ganhunça.

Neste curto tempo de vida de Notas Verbais, já vimos desfilar três ministros transportados pela liteira das Necessidades, aquela liteira que é um decreto-lei para os olhos de quem entra pelo Largo do Rilvas – Martins da Cruz, Teresa Gouveia e António Monteiro – e agora aí temos o quarto ministro, Freitas do Amaral. Pegando na metáfora, e sabendo-se que a liteira, por força dos tratados e conveniência do equilíbrio, é levada a pulso pelos três Secretários de Estado e pelo Secretário-Geral do MNE, também já assistimos a muito mudar de mãos para suportar o peso das ministeriais figuras assegurando-lhes o trajecto escolhido nem sempre pela avenida larga e, infelizmente por vezes, em função de fronteiras em que o fiscal de alfândega é conivente do contrabandista, piorando as coisas quando a passagem nestas circunstâncias é classificada – imaginem! – como segredo de Estado.

Amizades e estimas são amizades e são estimas – salvaguardam-se. Políticas e procedimentos estão noutra ordem que é a ordem que, numa democracia, torna a crítica imperativa e faz do escrutínio um acto de cidadania. Disto é que Notas Verbais não abdicam, tenham santa paciência. Portanto, Freitas do Amaral, João Gomes Cravinho (é importante interpor Gomes), Fernando Neves (chapeau!) e António Braga (Cesário então vai perceber o que é distanciamento e cidadnia!)façam por que que a liteira tenda para a perfeição sem a pretender. Notas Verbais seguem a bissectriz de sempre – até aquela palmeirinha isolada faz uma sombra que no deserto da alma é preciosa. Continuemos.


Carlos Albino

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