Briefing da Uma. «Tudo acaba em canções» - não o que Beaumarchais advertou em As Bodas de Fígaro?
1 – Luís Amado/Manuel Lobo Antunes
2 – Manuel Pinho
3 – Campos Cunha
4 – Freitas do Amaral
5 – Gama, sempre o Gama
1 – (Luís Amado raptou Manuel Lobo Antunes às Necessidades…) - «Rapto? Que palavra tão bem encontrada! Importa deixar claro que Luís Amado é um homem sério e por vezes a seriedade faz de um político um homem apagado. Ele, como porta-voz do PS para as questões de política externa, foi por muito tempo o «nome natural» para MNE. Acabou por ir para a Defesa Nacional que não deixa de ser um submarino barato ou talvez um helicóptero caro na política externa. Sem alguém de alto perfil designadamente diplomático, seria um submarino. Com Manuel Lobo Antunes, tudo leva a crer que, a dupla vai ser um helicóptero – já se houve no ar. Como sabem o Ministério da Defesa Nacional coordena e orienta as acções relativas à satisfação de compromissos militares decorrentes de acordos internacionais e, bem assim, as relações com organismos internacionais de carácter militar, naturalmente que «sem prejuízo das atribuições próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros», aquele chavão com que no Estado Português se resolvem não tanto os conflitos mas as afirmações de competências. Escolhido por Amado para Secretário de Estado Adjunto, Manuel Lobo Antunes é um verdadeiro rapto ao prejuízo das atribuições próprias do MNE onde acaba de ser Director-Geral dos Assuntos Comunitários (Assuntos da UE), escolhido e elogiado por António Monteiro. Bem, isto apenas vai dar mais trabalho a NV uma vez que, ou muito nos enganamos, ou vai haver na Defesa, muita diplomacia militar a qual está para a diplomacia pura assim como a Banda da Armada está para a Orquestra de São Carlos… Daí que Freitas do Amaral tenha toda a conveniência – já agora, conveniência musical – numa deslocação a Washington. Mas que foi rapto, foi. Manuel Lobo Antunes é um dos jovens diplomatas mais promissores e não a vemos na Defesa a tocar meramente o Sousafone, instrumento inventado por um luso-americano mas que é hoje imprescindível em toda a música militar norte-americana. É um Instrumento de Estado. Merece a ilustração adequada e imaginamos, neste momento, uma das típicas gargalhadas discretas de Amado.»
2 – (E na Economia, com Manuel Pinho, vai haver também diplomacia… não será?) - «É claro, público e notório que Manuel Pinho não é homem para permanecer apagado sobretudo quando a sua chama pode acender na cena internacional. Já tivemos o precedente de Pina Moura, com as cenas da OMC a propiciar confusões entre prestação técnica e prestação negocial, claro que respeitando sempre o tal chavão do «sem prejuízo» das competências próprias do outro… Como os senhores sabem são atribuições do Ministro da Economia conceber, desenvolver e aplicar políticas e instrumentos de fortalecimento da internacionalização da economia portuguesa, e – aqui está outro diplomático Sousafone - a representação de Portugal nas Instituições da EU (Conselhos de Ministros de Transportes, Telecomunicações e Energia, Competitividade e Emprego, Política Social, Saúde e Consumidores) competindo-lhe ainda dinamizar a acção do Ministério no âmbito do processo de decisão das diferentes Instituições internacionais, nomeadamente OMC e OCDE. E, para completar a música, dele dependem directamente a banda da Agência Portuguesa para o Investimento (API ) e um Gabinete de Coordenação dos Assuntos Europeus e Relações Internacionais onde se toca por pautas tanto com clave de sol como com clave de fá… Sem prejuízo, naturalmente. Porque isto promete com algumas pautas a sobrar para Freitas do Amaral – então aquele IPAD! - também merece ilustração e imaginamos o também típico sorriso de Miguel Cadilhe, o maestro até ver da API… »
3 – (E nas Finanças, outra diplomacia com Campos Cunha?) - «Como a vossa quota de senhores e a vossa quota de senhoras sabem, ao Ministro das Finanças compete coordenar e controlar as relações financeiras do Estado Português com a UE, com os outros Estados e com as organizações internacionais… E nisto, o Ministério das finanças tanto pode ser um mero quarteto de cordas como também se pode exibir com pretensões a Orquestra de Berlim, dispondo de uma Direcção-Geral de Assuntos Europeus e Relações Internacionais. Naturalmente que as Finanças também podem executar diplomáticas músicas e até canto gregoriano pois este mesmo Ministério, apesar de aparentemente dever dedicar-se tão só às questões terrenas dos dinheiros, imaginem que até tutela o Instituto Português de Santo António, em Roma!»
(Mas isso é um banco?) - «Qual banco! O Instituto Português de Santo António em Roma, herdeiro do antigo "Hospício da Nação Portuguesa em Roma", tem por objectivos estatutários o exercício dos actos de culto católico que constam da vontade expressa dos benfeitores, o exercício de beneficência através do cumprimento das obrigações instituídas, ou a instituir e por meio de iniciativas de carácter social;
o exercício de actividades culturais, quer através dos trabalhos de investigação histórica, de publicações e conferências, destinadas a tornar conhecidos e a promover o engrandecimento de valores espirituais portugueses, quer através de facilidades que conceda a artistas, cientistas e investigadores, os quais poderão ser alojados na hospedaria…»
(O Ministério das Finanças a tutelar actos de culto?) - «Mais ou menos para não dizer isso mesmo. Actualmente esse instituto que fica no N.º 2 da Via dei Portoghesi, a dois passos da Via della Scrofa e da Piazza Navona, mantém aberto ao público a Igreja de Santo António dos Portugueses, uma Biblioteca e um Arquivo Histórico, uma Galeria de Exposições e promove Cursos de Língua Portuguesa para estrangeiros… o que tem muito a ver com as finanças. Mas vocês estão a obrigar NV a saltar para outras músicas. Desculpem, mas ficamos por aqui.)
4 – ( Tem razão. Quanto a Freitas da Amaral, quem é que o MENE irá agora escolher para o lugar de Manuel Lobo Antunes?) - «Ora aí está o primeiro teste instrumental e simultaneamente a primeira prova se solfejo. O Director Geral dos Assuntos Europeus é já hoje uma pedra-chave nas Necessidades competindo-lhe dar efectividade e continuidade à acção do Ministério dos Negócios Estrangeiros no plano da política comunitária, bem como coordenar as acções, no domínio da política externa, referentes aos assuntos da União Europeia. Na prática, e «sem prejuízo» dos considerando de precedência hierárquica, é um cargo de topo tão importante como o do Director-Geral de Política Externa que assegura, quando pode assegurar, a coordenação de todos os assuntos de natureza político-diplomática e o tratamento de questões de índole económica que revistam natureza plurisectorial, à excepção do Instituto de Santo António em Roma como o Embaixador Manuel Tomás Fernandes Pereira reconhecerá.»
5 – (Portanto Jaime Gama fica sem diplomacia na mão!) - «Nada disso! Mota Amaral, açoriano assumido, levou a bom porto e à evidência protagonizou a construção de uma diplomacia parlamentar. Como sabem, o Arquipélago dos Açores é composto por nove ilhas, que se dividem em três grupos: o Oriental, o Central e o Ocidental, havendo ainda por lá numerosos ilhéus que circundam algumas ilhas, alguns deles servindo de abrigo a várias espécies de aves marinhas já raras nos nossos dias. Mas ilhas-ilhas são nove. Ora, também como sabem, não há açoriano entradote na alta política que não se assuma como uma décima ilha! Gama, também açoriano assumido, irá potenciar, se possível com música, aquela tal diplomacia parlamentar tão polidamente iniciada por Mota Amaral. Diplomacia não faltam e por não faltarem é que Freitas do Amaral aceitou as Necessidades depois de saber quem eram todos os restantes ministros. Promete e naturalmente que também merece ilustração!»
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