06 abril 2005

Briefing da Uma. Freitas, Jornalismo Papal, consulados, sede vacante no Camões e no IPAD

Briefing da Uma. «Mal de um jornal que não passa de um casamento com o cabeçalho».

1 – Freitas do Amaral
2 – Papa
3 – Camões
4 – Comunidades/Consulados
5 – Cooperação
6 – Abonos
7 – Bissau

1 – (Como antevê o primeiro encontro informal de Freitas do Amaral com os jornalistas acreditados nas Necessidades?) - «Esse encontro foi adiado para dia 19, terça-feira, às 17:30. É verdade que depois daquelas goradas tentativas de o queimarem em efígie (como a inquisição está viva!), Freitas precisa dos jornalistas acreditados e estes precisam da prova definitiva de como Freitas ficou incólume do auto-de-fé. Prevê-se assim uma sessão de sorrisos e apertos de mão, com o MNE a explanar em bom tom linhas gerais e alguns acreditados a darem nota de si com linhas específicas. No entanto, ao fundo da sala, garanto-vos que haverá alguém a perscrutar nos mínimos gestos e nos mais discretos sussurros se ali está a figura de Estado sem sambenito.

(O que é isso de sambetino?) - «Então você é acreditado e não sabe o que é o sambenito que, por manifestações secundárias de reminiscência, a política portuguesa tantas vezes e sem que se veja, impõe às figuras de Estado que enverguem?»

2 – (A televisão portuguesa afirmou repetidamente nestes últimos dias que nas exéquias do Papa vão estar «200 Chefes de Estado»… Há assim tantos Estados no Mundo?) - «Na verdade as Nações Unidas têm 191 Estados membros, há um Estado que não é membro e que por sinal é a Santa Sé e não há mais, pois Taiwan autoproclama-se Estado mas sem reconhecimento de monta. Sobre esse disparate televisivo que não é de estranhar – já referiram Durão Barroso como presidente do Conselho da Europa - chamamos a vossa atenção para uma história que lá para do dia, o embaixador Agapito tem para vos contar…»

(A propósito do conclave, já houve algum português que no passado tenha sido criado cardeal in pectore?) - «Mas você está num briefing ou numa aula de história? Vá lá, atendendo a esta fase em que o jornalismo português, como muito bem escreve hoje no Público, já parece jornalismo papal, concedemos… Sim senhor, já tivemos um cardeal in pectore, precisamente o cardeal Mendes Belo colocado por João Franco no patriarcado de Lisboa após a campanha que levou à resignação do cardeal Neto. Mendes Belo foi criado cardeal in pectore no consistório secreto de 1911 quando o Estado Português e a Santa Sé tinham as relações diplomáticas cortadas.

2 – (Não vem a propósito, mas como vai o Instituto Camões?) - «Bem, a presidente Simoneta Luz Afonso parece que não se demite, muito embora seja público e notório o estado de ruína a que infelizmente chegou esse instituto autónomo do MNE. Mais um mês e será a própria imagem do MNE que pode ficar inevitavelmente ferida. Por ora, nada mais diremos num caso que equivale a coisa muito próxima de sede vacante».

3 – (É verdade que o cônsul honorário nomeado por Cesário em London, no Canadá, está a ser acusado por assédio sexual?) - «É verdade que essa acusação pende sobre o padre Lúcio Couto, cuja nomeação chegou a sair em Diário da República, embora o bispo da diocese canadiana não tenha dado autorização. O episódio vem pormenorizadamente descrito em The London Free Press de 31 de Março de que um despacho da Lusa em 1 de Abril, a partir de Toronto, faz razoável tradução omitindo as peripécias partidárias de um efémero consulado honorário que tinha sede na paróquia, de resto visitado por Cesário ainda na recente campanha eleitoral. Notas Verbais vão seguir o caso.»

4 – (Quais foram os resultados do barómetro NV sobre os consulados?) - «Ainda bem que levantou essa questão. O barómetro vale o que vale mas 92,86 por cento dos que responderam reclamam que seja feita de imediato uma auditoria rigorosa a toda a rede consular portuguesa. Apenas 7,14 por cento respondeu que não se justifica. Nós estamos em crer que as comunidades portuguesas receberiam bem uma tal auditoria independente. Para que se tirassem todas as dúvidas e ficassem patentes os motivos de queixa.»

5 – (Escreve hoje o Público que «Portugal e Espanha (estão) em guerra para manter posição de interlocutor do Brasil na Europa»… Será mesmo assim?) - «Trata-se de um excelente ensaio de Helena Pereira, Cristina Ferreira e Anabela Campos, encimado pela sabida advertência de que “a falta de estratégia de cooperação estão a tirar protagonismo a Portugal no mundo da lusofonia”. Mais um ou dois meses, se João Cravinho não actua, vai sofrer tanto como o próprio Ministro com o caso do Camões. Se os Portugueses votaram para que Portugal mude, é para se mudar mesmo… A lassidão, num primeiro momento, sugere-se como excepção suspeitosa de favorecimento e, num segundo momento, o porreirismo nacional voltará aos tempos de Lourenço dos Santos. Por ora nada mais diremos num caso que, no IPAD, começa também a ser sinónimo de sede vacante.»

6 – (Os abonos de representação aprovados para os consulados em Espanha são chocantes… Não diz nada?) - «Sobre isso, apenas lhe diremos por ora que, se fossemos nós diplomatas e com uma excelente residência no Alentejo, não nos importaríamos de ser cônsul geral em Sevilha… Fica ao pé da porta, um ordenado melhor que em Toronto, com bom e insuspeito vinho, e, além disso, em vez da Polícia Montada, quando muito haverá uma pacífica polícia dos montados…»

7 – (Eleições presidenciais em Bissau… Que nos diz?) - Tudo aponta que as eleições presidenciais marcadas para 19 de Junho na Guiné-Bissau, tenham três grandes candidatos: Salam Bacai Sanhá (PAIGC), K.Yalá (PRS), Francisco J. Fadul (PUSD) e possivelmente Nino Vieira. Devemos notar que Portugal (Nota do MNE do dia 4) “expressa preocupação com alguns recentes desenvolvimentos políticos na Guiné-Bissau, contrários ao estipulado na Carta de Transição Política, bem como declarações públicas de radicalismo e incitamento à violação da ordem constitucional, susceptíveis de comprometer os esforços de estabilização política e a realização das eleições presidenciais”. Tinha que ser dito. E se calhar terá de ser repetido…»

Sem comentários: