26 abril 2005

Que semana! Muito se viaja mas Freitas tratou do essencial

Depois da cruzada de Sampaio em França e do funeral global, seguiu-se a «cimeira informal» e não se desperdiçou a entronização factual, mas foi Freitas do Amaral que falou do que interessa a qualquer mortal. Muito se viaja!

Esperemos que, algum dia, se saiba em concreto quais os resultados da nutrida viagem de Sampaio a França, pois tarda saber-se no que resultou também em concreto da não menos nutrida mas já remota viagem à China - resultados concretos e não foguetório diplomático. E como uma lágrima, em política externa, é a coisa que mais rapidamente seca no mundo, quando já quase nem nos recordávamos de Sampaio e da comitiva que levou ao funeral global, lá foi o primeiro-ministro e o ministro da presidência à entronização, pouco depois de Sampaio, ainda em Lisboa, ter defendido na Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, que Portugal e Espanha terão de «lutar em conjunto no quadro das negociação das perspectivas financeiras (da UE) para o período 2007-2013» - ainda em Lisboa, porque Sampaio iria pouco depois para a Finlândia para uma «cimeira informal» com os presidentes da Finlândia, Áustria, Polónia, Letónia e Alemanha. Mas foi Freitas do Amaral que ontem mesmo, no Luxemburgo, falou do que é essencial, sabendo-se que o comum dos mortais portugueses anseia pelo essencial e não pelo resto da conversa em que a nossa política externa se vai entretendo.

Freitas do Amaral foi ao âmago da questão, denunciando que Portugal é o país que entre os 15 da arqueológica UE que menos ajudas recebe da Política Agrícola Comum, ao contrário da Espanha e da Grécia. E nessa ordem de ideias Freitas deixou claro aviso de que Lisboa bloqueará (na cimeira de 16 e 17 de Junho) um acordo sobre o orçamento da UE se as exigências de poupança dos mais ricos dos 25 provocarem uma redução inaceitável dos fundos estruturais de apoio ao desenvolvimento português.
O «caso português» não é o «caso espanhol» e já que falamos em casos, A Espanha está para o genitivo assim como Portugal está para o ablativo. Freitas falou do «caso português» sem subserviência e sem arrogância – falou do essencial e o resto é conversa.

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