14 outubro 2005

Briefing da Uma. Estrasburgo, Hamburgo e Joanesburgo.

Briefing da Uma. Naturalmente que «a mulher de um carvoeiro é mais digna de respeito do que a amante de um príncipe». Se discordam, discutam com Rousseau cujo nome não é um espanto mas é cá do burgo.

1 – Estrasburgo – a menina arranha
2 – Hamburgo – a salva do rapaz
3 – Joanesburgo – o borrifanço do editorial

(Palavras prévias) - «Meus senhores, minhas senhoras, as minhas saudações depois desta longa ausência, e, já agora por deferência, cumprimento também o género neutro que, em latim tem por regra o nonimativo igual ao acusativo. Apesar de não razão de estado, permitam-me agradecer o inúmero correio chegado às Notas Verbais. Vamos responder a cada um dos benévolos correspondentes e, naturalmente, agradecer cuidados, preocupações, palavras que nos calaram fundo. Obrigado. Posto isto, por hoje, peço-vos que coloquem questões ligeiras.»


1 – (É mesmo uma questão ligeira. O senhor confirma que houve estalada entre dois graduados funcionários portugueses provocando cochichos no Conselho da Europa, em Estrasburgo?) - «Na verdade, o episódio deu mau tom à imagem de Portugal e vem jocosamente referido no jornal "Dernières Nouvelles d'Alsace" de 10 de Outubro. Foi um incidente lamentável mas as consequências estão sanadas pelo que podemos garantir estarem reposto o normal funcionamento das instituições que entre nós se pautam por… (interrupção)

(…não nos venha agora com essa lenga-lenga. O que se passou?) - «Por acaso temos aqui o recorte do jornal de Estrasburgo, poderemos no final facultar fotocópia».

(E não pode ler?) - «Claro que posso ler a matéria. Se me pedem, vou ler com todo o gosto, desculpar-me-ão a minha pronúncia do francês. Passo a ler: Faut-il ranger le Conseil de l'Europe parmi les quartiers de haute insécurité de Strasbourg ? Outre le vol du drapeau turc, sur le parvis, une affaire de coups et blessures a marqué cette semaine de session. Alors que le Portugal préside le Comité des ministres, le secrétaire d'État aux Affaires européennes, Fernando Neves, a rendu visite jeudi au président de l'Assemblée parlementaire, René van der Linden. Une conseillère du ministre, qui voulait entrer dans la pièce, en a été empêchée, apparemment pour des raisons protocolaires, par le n° 2 de l'ambassade du Portugal à Strasbourg, Pedro Pessoa e Costa. La dame a alors, devant témoins, utilisé des arguments peu diplomatiques et M. Costa s'est promené pendant le reste de la journée avec un gros sparadrap sur le visage pour cacher les coups de griffe...»

(Coups de griffe… significa isso que Fernando Neves tem uma conselheira para os assuntos de arranhões?) - «Sim, a menina arranha».

(Gargalhadas gerais na sala)

2 – (Já que nos pediu apenas questões ligeiras, conte-nos agora esta história que por aí circula sobre uma tal salva de prata entregue a um diplomata português na hora da despedida do consulado em Hamburgo. Na verdade o que aconteceu?) – «Na verdade, o episódio deu mau tom à imagem de Portugal e vem jocosamente referido numa circular do Decano do Corpo Consular da cidade de Hamburgo, cidade onde, como sabem, há mais consulados que atestados médicos no MNE. Se o episódio envolvesse o cônsul das Seichelles ou mesmo o do Mali, ainda se compreenderia, mas envolvendo o cônsul português – Fernando Araújo, agora transferido para Santos, no Brasil – a divulgação da matéria é um acto lamentável mas as consequências estão sanadas pelo que podemos garantir estarem reposto o normal funcionamento das instituições que entre nós se pautam por… (interrupção)

(… lá vem o senhor com a lenga-lenga. Diga-nos o que se passou? Tem a circular?) - «Por acaso temos aqui o recorte da circular do Decano consular de Hamburgo, o final deste breefing poderemos facultar fotocópia».

(E não pode ler?) - «Claro que posso ler a matéria. Se me pedem, vou ler com todo o gosto, desculpar-me-ão a pronúncia do alemão. Entre outros assuntos, essa circular insere uma referência ‘à brilhante actuação’ e ‚ ’à comovente despedida do cônsul português cessante’, Fernando Gouveia Araújo...

( ...mas isso é alemão ou português?) - «Tenham paciência, passo a ler agora em alemão: - Ebenfalls nicht verabschieden und den Silberteller überreichen konnte ich Koll. Dr. GOUVEIRA ARAUJO (Portugal), welcher leider wieder keine Zeit gefunden hat uns zu treffen. Er hat seinen Abschied so gestaltet wie seinen Aufenthalt. Den Siberteller hat er – auf eigenen Vorschlag – von einer seiner Konsularmitarbeiterinnen direkt vom Graveu abholen lassen !? Er verließ Hamburgo am 1. September 2005.»

(Ficámos na mesma. Não pode traduzir?) - «Com todo o gosto, passo a traduzir o texto do decano consular de Hamburgo: - Também não foi possível despedir-me e entregar a salva de prata ao colega Dr. GOUVEIA ARAÚJO (Portugal), o qual infelizmente – mais uma vez – não teve tempo para se encontrar connosco. Fez a sua despedida da mesma forma como viveu a sua permanência. Quanto à salva de prata – a proposta foi dele – mandou uma das suas funcionárias consulares ir buscá-la directamente ao gravador (ourives) !? Deixou Hamburgo a 1 de Setembro de 2005.»

(Gargalhadas na sala quando se referiu quem propôs a salva de palmas e estrondosas gargalhadas quando se soube o que funcionárias consulares são obrigadas a fazer).

3 – (Outra questão ligeira – há um editorial desta semana no Século de Joanesburgo que fala de borrifanço. Será?) - «Ainda bem que levantam a questão ligeira de Joanesburgo. E para que não me acusem novamente de entrar em lenga-lengas, vou directamente à questão – como pedem ver tenho o editorial desse jornal na mão. Diz o Século de Joanesburgo que «devido à teimosia do então cônsul-geral, foi tomada uma má opção relativamente ao aluguer de novas instalações consulares em Bruma» e que «motivado, por um banco e por uma agência de viagens, à coabitação, o representante consular decidiu-se, na mesma área da cidade, pela solução mais cara e hoje as instalações consulares custam ao Estado português mais de 90.000 randes por mês. Uma exorbitância!». Refere ainda o jornal que confrontou o Secretário de Estado António Braga com o problema e que este em Maio pediu já ao actual cônsul-geral António Gomes Samuel «para estudar alternativas e apresentar propostas» e que «até ao momento, e já lá vão cinco meses, não se sabem quais as alternativas nem qual a proposta apresentada, Se é que, na realidade, foi feito algum trabalho neste sentido!».

(Quer dizer que já voaram entretanto mais 450 mil randes?) - «Não queremos dizer isso mas desejamos tornar claro que a proposta está na mesa do Secretário de Estado António Braga endereçada há bastante tempo endereçada pelo cônsul-geral Manuel Gomes Samuel.»

(Mas o jornal antes de escrever isso não contactou o cônsul?) – «Não sabemos nem temos que saber até que ponto houve borrifanço do Século de Joanesburgo. Mas o que devemos sublinhar é que o borrifanço do anterior cônsul que foi um verdadeiro borrifanço de Joanesburgo para o erário público, neste aspecto e nesta questão (outras há) não pode nem deve salpicar o cônsul que herdou a lenga-lenga. Não se compreende é que António Braga não decida ou não tenha decidido já.»

(A que outras questões se refere?) – «Lá iremos, lá iremos… Por hoje é tudo. Passem bem na diplomacia do burgo. Estamos mais preocupados com o facto de Zapatero, depois de Moratinos, ter ido demais além do sapato, como foi.»

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