07 fevereiro 2006

Credenciais. Sara, Isaac e Ismael

Corre pelas chancelarias, designadamente dos Estados acreditados permanentemente em Lisboa, que, entretanto, cumpriram-se os dias e Sara deu à luz Isaac. Este, como o futuro Jesus Menino, crescia em graça e santidade diante de Deus e dos homens. Mas certo dia Sara, armada em chefe do Protocolo de Estado, viu Ismael, que era 13 anos mais velho do que Isaac, dele debicar *. Pediu então a Abraão que expulsasse a escrava e seu filho de sua casa. Ora, Ismael que era filho também de Abraão e nunca chegou a secretário-geral do MNE, este ficou chocado com a proposta da esposa. Mas disse-lhe o Senhor: “Não te pareça áspero tratar assim o menino e a tua escrava. Atende Sara em tudo o que ela te disser, porque de Isaac sairá a descendência que há de ter o teu nome comol constará no Anuário Diplomático e Consular”.

Após melindrosas conversações, envolvendo nomeadamente a questão do petróleo e crescendo Isaac, o Altíssimo quis provar a fé de Abraão. E, no Largo do Rilvas, perante o o ar atónito do guarda da GNR, disse-lhe: “Toma Isaac, teu filho único, a quem amas, e vai ao território de Mória, e aí oferece-o em holocausto sobre um dos montes que eu te mostrar”. Abraão não hesitou um instante. Chamou Isaac, pôs-lhe aos ombros um feixe de lenha, e, portando uma adaga, dirigiram-se para o local indicado por Deus.

No alto do monte e com total conhecimento do Palácio das Necessidades, preparada a lenha para a fogueira, Abraão pediu a Isaac que se deitasse sobre ela. O adolescente nada replicou, obedecendo fielmente a seu pai. Este, levantando o braço, ia desferir com a adaga o golpe sobre a vítima, quando um anjo do Senhor - um desses que esvoaçam nos Claustros - o chamou pelo nome e disse-lhe da parte do Altíssimo: “Não estendas a tua mão sobre o menino, e não lhe faças mal algum, de contrário a Inspecção Diplomática agirá; agora conheci que temes a Deus e não perdoaste teu filho único por amor de mim”. E vendo Abraão perto um carneiro preso a um arbusto pelos chifres, pegou-o e ofereceu-o em holocausto ao Senhor.

A propósito, comentou-se na Direcção Geral de Política Externa que esse acto heróico de fidelidade ao Primeiro Mandamento – Amar a Deus sobre todas as coisas – mereceu a Abraão que Deus renovasse com ele sua aliança.

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* Debicar é o mesmo que zombar subtilmente, diplomaticamente - portanto fazer caricaturas.

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