Portanto, o Palácio das Necessidades para além de albergar o MNE com todo o seu peso institucional que se estende ao Palácio da Cova da Moura e à Rua das Necessidades (Instituto Dipomático) dá casa, discretamente como convém, a três associações privadas, pessoas colectivas com certeza, uma delas que é e não é sindical...
Primeira.Cônjuges - De asteriscos a nomes.
Assim é o caso da Associação dos Cônjuges dos Diplomatas Portugueses (ACDP) que dá como porta de entrada o N. 3 da Calçada das Necessidades e apresenta como sua casa o que parece ser boa parte do MNE, não será, enfim. A ACDP define-se como «um organismo apolítico, com fins sociais e culturais, criado em 1982 para representar e defender os interesses dos cônjuges dos diplomatas portugueses e suas respectivas famílias, mediante contactos com o Ministério dos Negócios Estrangeiros». O contacto é evidente – está ao lado, senão dentro. Claro que tem site (clique AQUI) . Como actividades, promove visitas Por exemplo, a Sintra...) e organiza um bazar anual. «Excepcionalmente, por razões alheias à nossa vontade, não é possível realizar o Bazar em 2005» é a mais recente notícia sobre a actividade do bazar. O site da ACDP também uma secção de anúncios com uma única e apelativa indicação de aluguer de casa: « Aluga-se apartamento de 5 assoalhadas (130 m2) na Lapa. (€1.000,00/mês)». Uma das últimas vitórias obtidas pela ACDP pode ser resumida numa frase de Maria Benedicta Paes, Presidente da Mesa da Assembleia Geral, constante no último boletim (Maio de 2005): «Também nos apraz registar que os contactos com o Gabinete do Secretário-Geral têm sido frutuosos. Conseguiu-se finalmente incluir o nome do cônjuge no Anuário Diplomático, em vez do tradicional *» - não se escreve mas lê-se bem: asterisco. Donde se infere que os cônjuges de diplomatas portugueses não tinham nome porque eram asteriscos, tendo então perdido agora o asterisco e ganhado nome. Já é um avanço. Mas como a esperança é a última a morrer, a ACDP nesse mesmo Mês de Maio regozija-se com as «Obras na Associação», neste stermos: «Finalmente iniciaram-se as obras na Associação! As fissuras nas paredes e as infiltrações começaram a ser reparadas no dia 28 de Setembro, por ordem do MNE, e durarão cerca de três semanas. Esperemos...»
Segunda. Meio sindicato ou sindicato entre aspas.
Naturalmente, Bem-vindo à ASDP, a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses, com sede no Largo do Rilvas, cujo presidente de direcção é o Embaixador. António Franco e vice-presidente o conhecidíssimo e estimadíssimo diplomata Miguel Almeida e Sousa. A sede, pelos Estatutos, é provisória mas nunca deixou de ser definitiva. Tem à cabeça, duas finalidades: «pugnar pela dignificação da função diplomática e consular»; e «representar o pessoal do serviço diplomático na defesa dos seus interesses morais, profissionais, deontológicos e sindicais, promovendo a efectivação de tais interesses». Com áreas reservadas a associados, tem site (clique AQUI) bem ilustrado com representações das Necessidades por Paulo Ossião, embora um esboço da Casa, aqui reproduzido, acompanhe as páginas como marca.
Terceira. Amigos, amigos, ponto e vírgula
Sim, a terceira associação com sede no MNE é a «Associação dos Amigos do Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros», assim mesmo e que se define como «uma pessoa colectiva sem fins lucrativos constituída sob o alto patrocínio do Ministro dos Negócios Estrangeiros» e que «tem por fim realizar uma acção cultural a partir da existência do Arquivo Histórico-Diplomático do MNE». Também tem uma página na Internet (clique AQUI) As quotas e jóias de associados ainda estão em escudos – o que quer dizer que o euro ainda não entrou no Arquivo do MNE nem nos seus Amigos. E compreende-se, pois a paragem no tempo é tal que para esta associação com sede algures no Palácio ainda apresenta o embaixador Pedro Ribeiro de Menezes como secretário-geral do MNE – vão bons anos. Veja AQUI como tempo se arquiva.
Quarta. Ora quem não está, ponto final, parágrafo.
Pois quem não está, é óbvio que associação é – quem não está o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas no Estrangeiro, esse terrível e temível STCDE, visto à distância por ministros e ministros e do qual tanto secretário de Estado tem fugido como o diabo da cruz. Então Martins da Cruz!
Este sindicato tem novas instalações, um andar agora propriedade sua, na Rua Dr. António Martins, nº 30, 2º andar (Lisboa) e já seria demais, um escândalo até, se o MNE que, pelos vistos está tão aberto ao movimento associativo, albergasse esta também associação «constituída pelos trabalhadores não pertencentes ao quadro diplomático ou equiparado do Ministério dos Negócios Estrangeiros que exerçam profissão técnica, administrativa ou auxiliar nos consulados, missões diplomáticas e organismos portugueses dependentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros no estrangeiro». Não são cônjuges, portanto, e se pretenderem ser recebidos, têm que entrar no Palácio com pés de veludo.
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