Na comissão parlamentar. A propósito de conselheiros e adidos, DFA escudou-se hoje no parlamento com o seu propósito de transparência, além das conhecidas razões orçamentais. Infelizmente, em Portugal, a transparência encanta mas usa uma saia muito larga - a mesma saia, quando encanta e quando desencanta.
Ora, ninguém estará contra propósitos de transparência e nós próprios, de há muitos anos - não só agora, nem daqui - que temos vindo a alertar para o regabofe das nomeações de conselheiros e adidos, prática seguida ao longo dos anos quer por razões políticas, quer para satisfação de favores, quer ainda por tráfico ou mesmo chantagem moral de influências.
O que não se compreende é que DFA tenha anunciado esse propósito de concursos público já em Setembro, e, pouco tempos antes de fazer razia nos conselheiros/adidos, tenha feito nomeações surpreendentes; não se compreende como alguns tenham sido exonerados e logo a seguir renomeados, factos entretanto desmentidos com animosidade indevida e sem qualquer relação directa e útil com a moral; não se compreende como um conselheiro colocado numa importante capital tenha pedido a exoneração apenas dois anos depois de abandonar o cargo, como se afinal o cargo fosse uma «expectativa legítima» ou uma espécie de seguro de risco, para além dos considerandos de remuneração; não se compreende como, para o caso de Espanha e se é assim tão precário o cargo de conselheiro, aquele que foi demitido há anos de Madrid vá agora completar «os anos que lhe faltam do contrato» em Barcelona, por certo com base em algum parecer. Por aí fora.
Naturalmente que DFA tem razão quando diz que há conselheiros que recebem mais que do embaixadores, e poderá haver casos com verbas do FRI negociadas pela porta do cavalo; mas DFA perde os motivos não só pela má gestão política dos cortes (a questão para um MNE não é de visão jurídica mas política), mas sobretudo perde por alguns expedientes mal camuflados.
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