04 março 2006

Pior a emenda de DFA. Que a falta de € para o Falcon

Faltas de Freitas. O País está mal quando o chefe da diplomacia justifica a sua ausência da Europa num caso por falta de verba num caso e noutro caso por excesso de trabalho em Lisboa...
Naturalmente que todos, todos os ministros que antecederam DFA nas Necessidades, sempre tiveram fortes motivos para faltarem às reuniões europeias e nunca faltaram - de AMC a AM, de TPG a JG. Alguns destes, vimos, viajaram literalmente a cair para o lado de cansados - então Jaime Gama! - mas nunca faltaram, assim repetidamente, a reuniões com temas melindrosos da agenda internacional.

Trocar um lugar na fotografia ao lado de Bill Gates pela afirmação de uma posição ou ponto de vista português de alto nível sobre as previsíveis consequências da vitória do Hammas em todo o Norte de África - que foi o que esteve em causa em 30 de Janeiro - , é inadmissível, tanto mais que Bill Gates estava muito bem acompanhado e a nível mais alto. E invocar falta de verba para o Falcon equivale a uma emenda pior que o soneto. Há explicações que uma diplomacia pobre nunca deve dar para não parecer uma pobre diplomacia. Então o FRI não tem verba para despesas classificadas? Gastou-se tudo com o que não é nem pode ser explicado? E não vamos mais longe.

E essa de DFA invocar a leitura das 380 páginas do relatório sobre Guantánamo a que o MENE juntou o pretexto da «preparação da interpelação parlamentar sobre a crise dos cartoons» para faltar à reunião ministerial de 27 e 28 de Fevereiro com o tema dos cartoons à cabeça... o que é isto? Não teria sido preferível o MENE vir de Bruxelas para Lisboa «vitaminado» por uma discussão europeia sobre uma tema em que foi apresentado como pioneiro? Ficou em Lisboa apenas para preparar aquele acerto de contas com o PP/CDS em que Portugal inteiro não pode rever a imagem do seu MENE? E para esse acerto de contas, se tivesse que ser feito, não bastaria a noite do Dia de Entrudo? E para aquelas 380 páginas, que por acaso NV têm, não seriam suficientes as horas de ida e vinda?

Explicações destas humilham a imagem externa do País, diminuem o sulco de dignidade de uma Diplomacia e afastam-se das Razões de Estado.
PS: O que interessa escrutinar não é as reuniões de 2005, mas tão só as reuniões dos últimos sete meses...

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