Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
28 março 2006
Tudo isto. Deu nisto
É para estarrecer. A leitura desses comentários colocados pela internet fora, a propósito das deportações de portugueses pelo Canadá, é para estarrecer. E não se culpe os autores, nuns casos analfabetos a fazerem de sábios, noutros casos sábios a fazerem figura de analfabetos, mas quase sempre a revelarem falta de civismo e aquele género de senilidade mental que não passa do patamar da provocação e da analogia simplória - vírus que se propaga no anonimato. Não se culpe os autores dessas grosserias sem fim, retratos de persistente mentalidade medieva. Responsabilize-se sim os decisores políticos dos vários escalões (vários) que não conseguiram fazer pedagogia (nunca por ela se interessaram), não conseguiram impôr-se como exemplo de condutas, não conseguiram encastrar na Emigração um código de direitos claros e de deveres incontornáveis, não conseguiram transformar sem equívocos as extensões dos serviços públicos no exterior em «serviços» e com o generoso carácter de «públicos». Tudo isto, deu nisto - uma onda grande mas que um dia pode ser gigante, de irracionalidade, sem dicionário e, pior do que isso, sem ética. E a prova da ausência de ética aí a temos quando meia dúzia de portugueses de meia-tigela cilindra uma meia-tigela de portugueses cilindrados e, por isso, dispostos a cilindrar. Tudo isto potenciado por televisões que agradecem telenovelas sem custos de produção, com alguns outros meios a fornecerem os resumos.
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