Diz quem sabe. Naturalmente que, para Notas Verbais, é um dever transcrever o essencial: «Permito-me tomar esta posição porque acompanhei desde o primeiro momento a génese deste Centro Cultural, tendo sido o seu instalador e primeiro Director durante cerca de três anos.
«Assim, para esclarecimento do público em geral e do Senhor Carneiro Jacinto e do MNE, em particular, confirmo que o espaço onde funciona o Centro Cultural do Instituo Camões no Luxemburgo é propriedade privada e foi arrendado directamente pelo Estado luxemburguês, que, desde 1 de Janeiro de 1998, paga directamente ao senhorio uma verba que ronda os € 4.800,00 mensais, estimando-se que, até à data, os contribuintes luxemburgueses já contribuíram generosamente com cerca de € 437.000,00 para que exista um espaço cultural português digno no seu território, situação ímpar, que mereceria, no mínimo, alguma gratidão por parte do Estado português e dos seus representantes.
«Acrescento ainda que este Centro Cultural deve a sua existência ao envolvimento pessoal do Primeiro Ministro luxemburguês, Senhor Jean Claude Juncker, que, à data, julgo que em 1997, confrontou directa e frontalmente o nosso então Primeiro Ministro, Senhor Engº. António Guterres, para esta necessidade de afirmação de Portugal e dos portugueses no seu país, disponibilizando-se para apoiar financeira e logisticamente a iniciativa.
«Obtido o acordo de princípio por parte do Governo português, fui eu próprio, acompanhado por um actual Ministro do Governo luxemburguês e então Chefe de Gabinete da Senhora Ministra da Família, visitar vários espaços possíveis, tendo a escolha do local onde se instalou o Centro sido da minha responsabilidade, com o natural acordo do Senhor Embaixador então em funções.
«O acordo bilateral obtido assentava, do lado português, na disponibilização de um orçamento anual para despesas de funcionamento e animação cultural e, do lado luxemburguês, em facultar um espaço adequado para a instalação do Centro, que, como atrás referi, foi obtido sem quaisquer restrições de custo de arrendamento e que seria, como tem sido, assumido pelo Estado luxemburguês, e ainda, e é um detalhe que nem sempre é invocado, a oferta, a fundo perdido, de uma verba de cerca de PTE 10.000.000$00, em moeda de então ou cerca de € 50.000,00, actuais, para o arranque breve de obras de adaptação do local e aquisição de diverso equipamento.
«Devo dizer que a primeira transferência de verbas de Portugal foi tão tardia que este subsídio luxemburguês foi absolutamente determinante para conseguir inaugurar o Centro Cultural em Maio de 1999, com a habitual pompa e circunstância.
«Por tudo isto, seria aconselhável que representantes do Governo português fossem mais comedidos e responsáveis nas suas afirmações e decisões e que reconheçam, neste caso concreto, que, por questões que se prendem com princípios de ética política e com o reforço das boas relações bilaterais, temos uma profunda dívida de gratidão para com os luxemburgueses e para com os seus governantes.
DFA, reveja enquanto é tempo. Pode haver consequências.
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