11 outubro 2006

Caravelas de lado, por uma vez. Seixas da Costa fala do Brasil e... de pólvora

Dez pontos. O que Francisco Seixas da Costa disse hoje, na sessão da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, está na íntegra em Notas Formais (incluindo vénias e convénios), mas, por aqui, destacamos dez pontos:

I - Sem retóricas, e deixando por uma vez as caravelas de lado, há cada vez mais, no Brasil de hoje, um espaço muito interessante para a actividade dos agentes económicos portugueses.

II - No campo específico do comércio, não vale a pena sermos megalómanos nas nossas ambições, nem ficarmos iludidos pelo fenómeno do crescimento anual a dois dígitos das nossas trocas bilaterais.

III - Se não conseguirmos mudar o paradigma dos nossos produtos de exportação, as coisas podem continuar a evoluir, mas o seu ritmo nunca será significativo.

IV - Permanece no Brasil uma ideosincrasia proteccionista que, ainda hoje, nos cria grandes dificuldades na área comercial e que só um acordo entre a União Europeia e o Mercosul permitiria ajudar a superar.

V - O Brasil continuará a ser um mercado muito interessante para os investidores portugueses. Alguns deles, porém, talvez tenham de aprender a trabalhar mais em articulação com outros parceiros, europeus ou doutras origens, para poderem ganhar uma escala competitiva, num mercado que tende a tornar-se mais exigente.

VI - No caso das PME’s (…) há importantes diferenças entre o ambiente empresarial brasileiro e a cultura de inserção - normativa administrativa e de crédito - em que as empresas portuguesas dessa dimensão estão habituadas a actuar na Europa, ou mesmo em outros mercados, tidos como de recuperação rápida dos investimentos.

VII - É neste trabalho com as PME’s que é da maior relevância o papel das Câmaras de Comércio portuguesas no Brasil (10 mais uma para breve), numa articulação em rede.

VIII - No trabalho da nossa promoção no Brasil, em que muitos têm feito esforços louváveis e meritórios, temos de nos convencer a mudar radicalmente o perfil de algumas iniciativas - os eventos não podem continuar a ser meros “talking shops”, intermináveis seminários, colóquios, simpósios e quejandos, uma espécie de conversas quase só luso-portuguesas, com meia dúzia de “habitués” brasileiros, e que ficariam bem mais baratas se fossem feitas “off season” na Costa da Caparica.

IX - Organizar reuniões só para inventariar ou actualizar os números do passado e expressar intenções para o futuro, pode sossegar as almas, mas, há que reconhecer, acaba por transformar-se em momentos de clamorosa inutilidade. E as pessoas têm cada vez menos tempo para ouvir sempre as mesmas coisas.

X - Temos de saber explicar melhor aos nossos amigos brasileiros que uma qualquer empresa criada em Portugal passa a ser uma empresa europeia, com tudo o que isso significa de oportunidades num imenso mercado.

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