I - Sem retóricas, e deixando por uma vez as caravelas de lado, há cada vez mais, no Brasil de hoje, um espaço muito interessante para a actividade dos agentes económicos portugueses.
II - No campo específico do comércio, não vale a pena sermos megalómanos nas nossas ambições, nem ficarmos iludidos pelo fenómeno do crescimento anual a dois dígitos das nossas trocas bilaterais.
III - Se não conseguirmos mudar o paradigma dos nossos produtos de exportação, as coisas podem continuar a evoluir, mas o seu ritmo nunca será significativo.
IV - Permanece no Brasil uma ideosincrasia proteccionista que, ainda hoje, nos cria grandes dificuldades na área comercial e que só um acordo entre a União Europeia e o Mercosul permitiria ajudar a superar.
V - O Brasil continuará a ser um mercado muito interessante para os investidores portugueses. Alguns deles, porém, talvez tenham de aprender a trabalhar mais em articulação com outros parceiros, europeus ou doutras origens, para poderem ganhar uma escala competitiva, num mercado que tende a tornar-se mais exigente.
VI - No caso das PME’s (…) há importantes diferenças entre o ambiente empresarial brasileiro e a cultura de inserção - normativa administrativa e de crédito - em que as empresas portuguesas dessa dimensão estão habituadas a actuar na Europa, ou mesmo em outros mercados, tidos como de recuperação rápida dos investimentos.
VII - É neste trabalho com as PME’s que é da maior relevância o papel das Câmaras de Comércio portuguesas no Brasil (10 mais uma para breve), numa articulação em rede.
VIII - No trabalho da nossa promoção no Brasil, em que muitos têm feito esforços louváveis e meritórios, temos de nos convencer a mudar radicalmente o perfil de algumas iniciativas - os eventos não podem continuar a ser meros “talking shops”, intermináveis seminários, colóquios, simpósios e quejandos, uma espécie de conversas quase só luso-portuguesas, com meia dúzia de “habitués” brasileiros, e que ficariam bem mais baratas se fossem feitas “off season” na Costa da Caparica.
IX - Organizar reuniões só para inventariar ou actualizar os números do passado e expressar intenções para o futuro, pode sossegar as almas, mas, há que reconhecer, acaba por transformar-se em momentos de clamorosa inutilidade. E as pessoas têm cada vez menos tempo para ouvir sempre as mesmas coisas.
X - Temos de saber explicar melhor aos nossos amigos brasileiros que uma qualquer empresa criada em Portugal passa a ser uma empresa europeia, com tudo o que isso significa de oportunidades num imenso mercado.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
11 outubro 2006
Caravelas de lado, por uma vez. Seixas da Costa fala do Brasil e... de pólvora
Dez pontos. O que Francisco Seixas da Costa disse hoje, na sessão da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, está na íntegra em Notas Formais (incluindo vénias e convénios), mas, por aqui, destacamos dez pontos:
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