25 outubro 2006

Hamilton. A palavra é forte. Mas é desleixo

Assim não. O consulado de Portugal em Hamilton, capital das Bermudas (sem titular mas com gestão de rotina entregue a uma só funcionária contratada a termo certo) esteve encerrado durante um mês, porque a funcionária entrou em licença de parto. Em condições e circunstâncias que tardam a ser apuradas com rigor – como acontece um pouco por todo o lado - mais de dez mil portugueses vivem nessa região autónoma sob tutela britânica. Os lugares de cônsule e vice-cônsul estão vagos há anos (estamos em crer que o último cônsul de carreira presente em Hamilton foi Francisco Camolas até 1994) e com a suspensão imperativa da rotina consular com esta licença de parto, por comparação, equivale a que a que a Câmara, notários e registos de Melgaço (10 mil habitantes), por hipótese entregues a uma só pessoa a termo certo, tenham que fechar durante um mês pela legítima expectativa de haver mais um habitante em Melgaço.

É claro que os protestos subiram de tom e apareceram em letra de forma. E só quando apareceram em letra de forma é que o MNE decidiu, designado o funcionário do quadro administrativo José Manuel Marques Pereira, como gerente consular interino até Março de 2007.

É claro que a gravidez da "única funcionária do posto" na informação carreada para a serenidade do povo, mas a rigor, a contratada a termo certo, não era desconhecida e muito menos clandestina. Porque não foi atempadamente designado o gerente consular interino? E, admitamos que haja fundamento para não haver cônsul, mas porque não se preenche a vaga de vice-cônsul? Não seria mais dignidade orçamental, lógica orçamental e rigor orçamental do que confiar o posto ou fazer depender o posto de um contrato a termo certo?

Desleixo. A palavra é forte, mas acontecesse em Melgaço o que acaba de acontecer nas Bermudas, não se foge da palavra desleixo.

Sem comentários: