Todavia, no meio dessa correspondência sem aproveitamento possível ou justificável, há três mensagens de proveniência identificada - ou as evidências muito nos iludem - que, no teor directo e útil, não podemos deixar de transcrever em prestações, porque são susceptíveis de conter elementos de alerta. Sobre esta questão de Luanda, não temos que nos pronunciar nem interferir até que a investigação esteja completada, os dados apurados e a Justiça tire a venda dos olhos, mas não gostaríamos que uma Democracia comportasse procedimentos ou comportamentos que só fora dela têm acolhimento, mesmo que ocorram a milhares de quilómetros à distância da pessoa territorial do Estado. Então aí, há o dever de alerta. Dever cívico.
«Não sei bem o que Vexa ou Vossa Senhoria, ou como quer que se deva tratar o signatário das NV entende pelo "resto". Também não sei o que entende por "conversa". Não que tenha pessoalmente alguma coisa contra restos ou conversas. Mas julgo lembrar-me de um certo frenesim de há uns meses atrás. A crise em Luanda pululava por toda a parte. Ele era exonerações, comissões de serviço, promessas de apoio político, medidas radicais, spring cleaning, um atarefanço total, com o Primeiro Ministro à porta... Afinal parece que não... Foi só conversa?»
«Na escaldante questão dos vistos em Luanda só terá sido apurada a ponta do iceberg. Terá havido negociatas em grande escala e envolvendo bastante gente, parecendo haver uma omertá * à custa de ameaças de morte a quem pôde apurar coisas nas investigações então realizadas. NV parecem agora estranhamente desconhecer em absoluto o evoluir do(s) processo(s).»
«Vejam bem o caso de Luanda – há nove pessoas indiciadas, mas outros conseguiram ficar de fora: advertência de represálias, intimidações… a quem sabe».
* A omertá é uma atitude popular, comum em áreas da Itália em que a máfia é forte, que implica ou obriga nunca colaborar com a polícia. Pode ser entendido como um voto de silêncio entre mafiosos.
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