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É sintomático que, por exemplo, Quartin Santos chegue a Pequim e repita o mesmo que todos os seus antecessores traçando essa grande e principal prioridade de «Portugal ganhar visibilidade na China». Seria mais importante indagar porque é que não a ganhou ainda, identificar o problema e dar-lhe solução eficaz, coerente. Não basta declarar declarações que já foram declaradas até à exaustão declarativa. Se, algum dia, os embaixadores que passaram por Pequim tivessem sido convocados por Amado, numa jornada de reflexão sobre as relações luso-chinesas e o rumo que elas devem levar, por certo o problema viria ao de cima com autoridade profissional e não apenas política e as soluções abundariam para se escolher uma, a melhor, a de patamar diplomático qualitativamente mais elevado e com garantias de eficácia política.
Mas para além da agenda ter sido mal pensada, a viagem de Sócrates não sugere que tenha havido esse trabalho, acontecendo o que, fora da viagem, poderia ter acontecido. O esquecimento da Ásia por LA, no seminário de reflexão do MNE, foi disso sinal, por certo involuntário mas sintomático. Já é tempo de Portugal perder o medo continental que a Espanha lhe infunde em benefício próprio, e que as hegemonias marítimas da UE impõem com poses que reduzem a política externa comum ao pecado do hipócrita.
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