01 fevereiro 2007

Tomás de Aquino e a «diplomacia divina» perante o embrião. Os que sabem, recordam-se ?

O papa sabe. Que lá do Vaticano, o embaixador Rocha Páris e o respectivo conselheiro técnico eclesiástico especializado desculpem NV se por acaso reportaram ao MNE, em todo o caso registamos que o papa Bento XVI consagrou as suas reflexões e o angélus dominical do dia 28 a Tomás de Aquino, Doutor da Igreja. E disse o papa que o grande teólogo é «o modelo de harmonia entre a fé e a razão, as duas dimensões do espírito humano que se realizam em pleno em reencontro e diálogo». Portanto, a fé divorciada da razão, noves fora, zero. E não é que isto tenha suscitado grande alvoroço na chancelaria portuguesa, mas levou alguns diplomatas, sem prejuízo de serviço, à curiosidade de saber o que, afinal, esse grande Tomás de Aquino disse sobre o embrião e o feto, ou se, por outras palavras, o embrião teria já alma humana, a alma racional, ou não. Como, infelizmente, o papa foi omisso nos conhecimentos que sem dúvida tem sobre o que Tomás de Aquino deixou clarificado sobre a matéria, vale aqui chamar a atenção para o texto que Alfredo Barroso publicou na revista «6ª», do DN (12 de Janeiro) e para cuja leitura chamamos a atenção dos que têm a fé reencontrada e em diálogo com a razão – quem não tem isso, anda por aí a promover autos de fé com a mesmíssima cara de ódio dos frades menores da inquisição, faltando-lhes só agitar que o putativo genocídio deveria levar os portugueses à barra do Tribunal Penal Internacional criado para o efeito. O texto de Alfredo Barroso, com a devida vénia, transcreve-se na íntegra em Artigos Definidos.

O que diz Tomás de Aquino

  • Na Summa theologica, I-II, 81,1 - O pecado original transmite-se com o esperma como uma infecção natural, mas isso nada tem a ver com a tradução da alma racional. A alma é criada porque ela não pode depender da matéria corporal;
  • Na Summa theologica, I, 90 - Deus introduz a alma apenas quando o feto adquire, gradualmente, primeiro a alma vegetativa e, depois, a alma sensitiva. É apenas neste estádio, num corpo já formado, que é criada a alma racional;
  • Na Summa theologica, I, 76,2 e I, 118,2 - O embrião só possui a alma sensitiva;
  • Na Summa contra gentiles, II,89 - Repete-se que há uma ordem, uma gradação na geração «por causa das formas intermediárias de que é dotado o feto desde a origem e até à sua forma final»;
  • No Suplemento à Summa theologica, 80, 4 - Os embriões não participarão na ressurreição da carne. Os embriões não ressuscitarão. A alma racional não foi infundida neles e, por essa razão, eles não são seres humanos.
  • Sem comentários: