15 abril 2007

Israel-Vaticano. As coisas não estão boas

A dar viva embora pouco visível prova da dependência infomativa das agências noticiosas e da dependência da nossa relativamente às outras que se limita a traduzir – facto que deveria mais preocupar o ministro Santos Silva do que as caixas de ligação aos sistemas de esgoto – aí temos o presente caso Israel-Vaticano.

Os jornais portugueses que tantas vezes se limitam a reproduzir o traduzido, dão conta de que o Vaticano teve a iniciativa de boicotar a cerimónia evocativa do holocausto, e atribuem ao núncio papal em Televive (não é em Jerusalém…) o prestígio político de protestar, agora, contra uma legenda no Yad Vashem nada favorável para o comportamento de Pio XII face ao regime nazi.

Ora, sabe-se pelas chancelarias que o diferendo judaico-papal apenas recairá sobre essa legenda como pretexto, sendo mais fundo.

Tanto que, a reunião plenária da Comissão Bilateral Permanente entre o a Santa Sé e o Estado de Israel, prevista para o passado dia 29 de Março, para tratar de questões relativas do Fundamental Agreement firmado entre o Vaticano e Telavive em 1993, não se realizou por escusa da parte israelita que invocou pretexto diplomaticamente vago (a “contigência política internacional”) para bloquear a reunião naquela data. Ora isto nada tem a ver com a legenda, com Pio XII, com o museu do Holocausto, ou com o protesto do núncio em Telavive, elementos descritos como centro de episódio.

Em 28 de Março, véspera da reunião cancelada, a Sala Stampa do Vaticano viu-se na desconfortável contingência de emitir o seguinte comunicado que se reproduz na língua original, o italiano:

    "
    In data 26 c.m. la Delegazione israeliana ha comunicato l’impossibilità di partecipare alla riunione, a causa di contingenze politiche internazionali. La Santa Sede, pur comprendendone le ragioni, ha preso atto con rammarico della circostanza e attende di poter concordare al più presto con la Parte israeliana la nuova data della convocazione della Plenaria.

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