(Partida das tropas portuguesas para França, 1917.
É dispensável chamar a atenção para o pormenor)
9 de Abril de 2008. O diplomata João Mira Gomes, Secretário de estado da Defesa Nacional, em artigo de hoje (14) no Público/papel, anuncia que «em conjunto com a Liga dos Combatentes, o Ministério da Defesa Nacional já está a preparar algumas iniciativas para assinalar o 90.º aniversário da Batalha de La Lyz, que se celebrará a 9 de Abril de 2008». A propósito, João Mira Gomes evoca sentidamente «o espaço de memória colectiva de Portugal" como é o cemitério militar de Richebourg (norte de França) onde resta o que da heroicidade portuguesa restou. É dispensável chamar a atenção para o pormenor)
Nesta batalha de La Lyz, a II Divisão do Corpo Expedicionário Português, em escassas horas, perdeu à volta de 7.500 soldados entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros - metade dos cerca de 15 mil combatentes colocados nas primeiras linhas da frente. Comandadas pelo general Gomes da Costa, as tropas portuguesas já de si estilhaçadas pelos descomandos da política e da diplomacia de Lisboa (com Sidónio Pais), foram sacrificadas na ofensica de 4 divisões do VI Exército alemão exército, 50.000 homens sob comando do general Ferdinand von Quast.Pelo lado de NV, era de esperar de João Mira Gomes um artigo ou outra qualquer manifestação do Secretário de estado, qualquer que fosse. Temos fundados motivos para crer que ele leva a peito esta questão simbólica do custoso envolvimento português na Europa. E João Mira Gomes faz bem em anunciar desde já que em 2008, aquele 9 de Abril será evocado no melhor tom possível, esperando-se que a evocação tenha nível idêntico ou comparado ao da evocação, este ano, do 90.º aniversário da Batalha de Vimy, esta vitoriosa (um ano antes da de La Lyz, mas no mesmo dia), protagonizada pelo Exército Canadiano que aí viu tombar 3.600 soldados, além dos cerca de 7.000 feridos. Em tais comemorações, no passado 9 de Abril, lá estiveram no Memorial de Vimy (Pas-de-Calais), o Primeiro Ministro do Canadá, Stephen Harper, a rainha inglesa Isabel II e o Primeiro Ministro Francês, Dominique de Villepin. Será, no mínimo, de esperar que a cerimónia portuguesa de 2008 possa levar as autoridades de Lisboa, ao mais alto nível, ao cemitério militar de Richebourg.
Mas as expectativas anunciadas para 2008, não invalidam as críticas aqui anualmente renovadas, pelo facto do 9 de Abril, independentemente de serem 87, 90 ou 94 os anos que passem, ser esquecido esse 9 de Abril pelas Necessidades e nem sempre ser devidamente recordado pela Embaixada de Portugal em Paris que é quem está mais perto do que é importante. Em cada ano que passa, uma nota oficial cá, e ao menos uma coroa de flores lá, não teriam incidência orçamental, e dariam à política e à diplomacia aquilo com que, desgraçadamente, a frieza das rotinas dos calculistas do poder não fazem contas - o sentimento e a história que ensina. Na verdade, as causas da catrástrofe militar portuguesa em La Lyz, ensinam, porque são causas que vêm da política e da diplomacia. E aqui está um bom pretexto para João Mira Gomes e o MNE (verbas do FRI não faltarão...) convidarem os nossos historiadores a pensar em 2008, e, muito embora 90% dos portugueses sejam historiadores, não há que ter medo deles...
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