26 junho 2007

┌ Poeira dos Arquivos ┐

Estávamos em Julho de 2000. António Guterres era primeiro-ministro, Durão Barroso líder da oposição mais pesada. Num passe de mágica, os portugueses ficaram a saber que Portugal tinha aderido à ideia lançada pelo ministro alemão Joschka Fischer e reforçada pelo presidente francês Jacques Chirac, de um caminho federalista para a União Europeia.

A causa

Na verdade, em entrevista ao jornal Público, o primeiro-ministro português, António Guterres, declarou estar «totalmente disponível para discutir o modelo federal na Europa». Fora a primeira entrevista de Guterres depois de concluída a presidência portuguesa da União Europeia, durante o primeiro semestre de 2000. Nessa avaliação de resultados, Guterres afirmou que Portugal ganhara «prestígio e o respeito» para enfrentar as reformas das instituições europeias até o final desse mesmo ano, alterando o balanço de poder entre os países grandes e pequenos do bloco. E em corolário, Guterres defendeu que o federalismo político deve ser acompanhado pelo federalismo económico, para evitar o «esmagamento de países mais fracos por países mais poderosos e mais ricos» - rascunho que, na lei do menor esforço, pode voltar a ser usado em Dezembro.

O efeito

Os comentários de Guterres foram implacavelmente atacados pelos partidos de oposição, que consideraram mercantilista a exigência de um federalismo económico. Designadamente Durão Barroso, líder dos social-democratas (PSD) que muitos aceitavam ser um bom líder partidário mas sem possibilidades de chegar a primeiro-ministro (contas que saíram furadas), criticou «o entendimento mesquinho segundo o qual estaríamos dispostos a aceitar o federalismo desde que nos pagassem para tal». Disse muito mais.

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Sete anos apenas passados, Guterres dedica-se devotamente à obra pia dos refugiados. Barroso, no topo da elite burocrática e sinuosa de Bruxelas, nas questões que não são morais, vai muito mais além do que Guterres, criticando até os que não evoluíram de Guterres. Alguns práticos, foram explicando e explicam que, afinal, Barroso foi sempre um federalista convicto mas não assumido...

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