┌ Ponto↔Crítico ┐ 11 Reformas no MNE. Ou não é verdade?

Divide-se o MNE em duas abas – a maior das abas que reclama, deseja e anseia por reforma, e a menor aba que, apesar de menor é a que detém a sabedoria dos cordelinhos, teme a reforma, qualquer reforma, preferindo a reformulação em obediência cega àquele princípio conservador segundo o qual nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, princípio que dá bons resultados na química mas maus na carreira diplomática apesar desta ser também retorta.

Claro que reforma no MNE será aquela que incida naturalmente nas carreiras que outrora já bifurcou, e bem, em diplomática e consular – reforma dos sistemas de acesso, de promoções e de colocações, reforma dos procedimentos, reforma de representação e reforma dos métodos de escrutínio. Reforma mesmo, não meras reformulações com tudo a voltar à estaca zero.

Um diplomata, qualquer um, deve ir para o lugar certo e como o Estado dele precisa nesse lugar, em matéria de perfil, capacidade e objectivos - Não é o posto que tem que se adaptar a ele; não é a representação talhada pelos grupos de pressão que determina a competência; não é com um assobiar para o lado que se faz escrutínio com dignidade e discrição, e, além disso não podem os critérios de promoção depender de interesses individuais ou de posições circunstanciais dos que detêm a sabedoria dos cordelinhos.

A apatia que cerca a ASDP não é uma questão de crise do espírito associativo dos diplomatas, mas sim uma questão de descrença na representação de interesses; também os fumos que persistentemente toldam o Conselho Diplomático é porque este não pondo, dispõe; além disso, os episódios indisfarçáveis dos concursos de acesso não são grande honra; e a negociação daquelas máculas que a inspecção conhece mas disfarça, administrada em concertadas colocações em posto, tiram brilho e elevação… Ou não são verdades essas verdades que correm pela calada?

C.A.