Com certeza, oh amigo Charles Calixto, ministro plenipotenciário, não lhe retiramos a categoria. Por hoje, pouco haverá a dizer sobre Putin em Portugal para a sua última cimeira com a Europa - última se, entretanto, não houver reforma constitucional na Rússia, e, em nova legitimidade, Putin não continuar nas cimeiras na qualidade de primeiro-ministro... Nunca se sabe, sendo isso previsível - a notável experiência de Timor pode ser útil a Moscovo. Mas, por hoje, haverá pouco a dizer, de novo e de importante, que não seja publicidade institucional, à excepção de um pormenor.
Esse pormenor, que só desatentos não consideram já o ponto alto da visita continuando a ser pormenor, é precisamente o que está programado para as 14:30, em Mafra.
É que diplomaticamente, Portugal tem sofrido de um trauma irreparável, trauma que decorre da conformação nacional em meter o Rossio na Rua da Betesga. Ora, nessas 14:30, Putin abre a exposição que expurga definitivamente isso de Rossio e de Betesga, preenchendo o vazio desse lugar traumático com “A Rússia na Biblioteca do Real Paço de Mafra”. Além disso, o fenómeno vai acontecer na Sala da Bênção! Que melhor local para mais um êxito político-diplomático?
De facto, o "meter a Rússia na biblioteca de Mafra", dá-nos um gigantesco prestígio perante a Europa e o mundo, onde até agora temos tido apenas a fama do passe de mágica de subverter as escalas do Rossio e da Betesga - o que já não é para todos, como se viu no tratado, pese a Vital Moreira.
Com toda a autoridade que se lhe suporta, a partir de amanhã, José Sócrates pode argumentar perante qualçquer dos seus colegas europeus que lhe peça o impossível, não o velho, caduco e desacredidado truque do Rossio na Betesga, mas assim: «Meu caro! O que me pede é o mesmo que meter a Rússia na biblioteca de Mafra!». Gordon Brown, por exemplo, que se atreva.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
25 outubro 2007
Sala da Bênção. Ponto alto de Putin em Portugal
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