É inusitado o procedimento da MNE guineense, Conceição Nobre Cabral. Como se atritos, conflitos e problemas entre chancelarias fossem como que entre autarquias, a ministra, sem dúvida traída pelo apático silêncio português, diz isto, nestes termos:
- "Vou falar com o secretário de Estado João Cravinho para nomear um novo cônsul daqui a 15 dias, tendo em conta o tratamento indigno que os nossos deputados estão a receber".
Mais disse a ministra, sobre o diplomata Eduardo Rafael, nunca se sabendo se ela não estará a confundir com o anterior:
- “(Ele) tem afectado também membros do Governo que têm estado a fazer reclamações pela forma como têm sido tratados".
A ministra foi chamada de urgência ao Parlamento para ouvir os deputados sobre o que consideram ser o comportamento inadequado do cônsul de Portugal na Guiné-Bissau. Segundo vários deputados, que falaram no Parlamento guineense, o encarregado da secção consular da Embaixada de Portugal terá "humilhado" e "mal tratado" cidadãos guineenses, e a "insensibilidade" do diplomata em "relação aos doentes que precisam de tratamento de saúde em Portugal" levou à alegada "morte de cidadãos guineenses".
Portanto, matéria manifestamente grave e que não aconteceu de ontem para hoje, nem é de há uma semana... A visita de João Cravinho, para assinar o PIC e não para resolver o problema com que foi confrontado com este procedimento autárquico da MNE guineense e com a urgência dos deputados, devia ter sido antecedida pela solução do problema de fundo e por solução que fosse cabal e não desse pretexto para este mau passe de diplomacia. Do problema de fundo e dos problemas conexos, que normalmente, pela sua natureza, não sendo de fundo também não vêm à superfície.
Ora, no mínimo, há que ouvir do diplomata Eduardo Rafael o que tem a dizer. Tem esse direito, sendo que o assunto, porque tal se permitiu, deixou de ser assunto interno das Necessidades e tem a ver com a tal imagem do estado português no exterior para cuja melhoria os contribuintes se esforçam.
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