07 março 2008

Bissau, um pandemónio.

Um lado da questão, porque há outro, vai em esboço.
O esboço dá uma ideia do pandemónio.


A ministra guineense Conceição Nobre Cabral, ou tem andado muito distraída, ou então, porque João Gomes Cravinho está em Bissau e porque está, os deputados a chamam de urgência, apenas agora sabe o que muita gente da Guiné-Bissau há muito sabe e faz correr, por exemplo...

  1. Recentemente um cidadão guineense denunciou na rádio que, tendo pedido uma audiência ao Encarregado consular, a mesma lhe foi recusada pura e simplesmente.

  2. Um deputado guineense, Fernando Gomes (da formação política APU) viu recusada uma audiência do encarregado, para obter o visto de entrada em Portugal, não obstante ter o pedido desse visto sido acompanhado de solicitação do próprio Presidente da Assembleia Nacional Popular. O mesmo deputado chegou a fazer uma declaração nesse sentido em sessão plenária recente do parlamento.

  3. Uma funcionária do Tribunal de Contas guineense devia ter ido ao Brasil, integrando uma Delegação chefiada pelo próprio Presidente desse Tribunal, via Lisboa, mas a secção consular da Embaixada não lhe concedeu o visto de trânsito, pelo que não se deslocou, apesar da Embaixada Brasileira lhe ter concedido visto.

  4. Os guineenses residentes em Portugal têm enviado toda a documentação exigida pela Embaixada de Portugal para os seus familiares poderem ter visto de entrada em Portugal, sendo anunciado o prazo de 3 meses para a concessão desse visto. Porém, tal prazo jamais é cumprido, se o requerente tiver a sorte da concessão de tal visto - em geral a resposta demora 6 meses e pode atingir um ano.

  5. Para autenticação de documentos é cobrado um preço de 7.5000 FCFA. Só que o horário e sessões de atendimento está muito aquém das expectativas dos requerentes, o que os obriga a dormir no passeio da Embaixada para garantirem ser atendidos e poderem remeter esses documentos no único voo semanal que a TAP efectua para Bissau. Tal já levou a que fosse montado um rentável negócio de "lugar na fila", vendido a 10.000 FCFA, acarretando para quem precisa mesmo desa autenticação a ter de dispender 17.500 FCFA.

  6. Um guineense ficou com um dedo mutilado, por os guardas da Embaixada lhe terem fechado o portão, de modo a impedir o acesso de muitos requerentes, os quais apenas entram em grupos escolhidos "a olho" pelos guardas.

  7. Muitos casos de doentes, incluindo crianças, qualificados de casos urgentes e que não podem ser tratados na Guiné-Bissau, acabam por não ser evacuados para Portugal, não obstante os protocos existentes entre os dois países, por falta de sensibilidade da secção consular da Embaixada em conceder os necessários vistos.

  8. Em suma, os guineenses que demandam os serviços da Embaixada de Portugal só são atendidos em certos dias (em geral 2 dias por semana), o que é incompatível com o número de requerentes, com a agravante de serem atendidos, na maior parte das vezes, por uma janela que dá para a rua, ficando os interessados ao sol ou à chuva durante horas, o que eles consideram chocante, ofensivo e atentatório da sua dignidade.


Só que este é apenas um lado da questão, além de que as as imagens adequadas à ilustração que se impunha, não estão nem mesmo podem estar disponíveis.

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