11 julho 2008

Vaticano, passivo de 9 milhões de euros. Foi o pecado mortal do dólar

Um anónimo deu uma esmola de 9,09 milhões de euros.
Se podia ter dado mais, só Deus sabe.


De frei Bermudas, legado ordinário e nihilpotenciário de NV no Vaticano:

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    Passo a reportar o que por aqui soube. As contas do Vaticano relativas a 2007 acusaram um passivo de 9 milhões de euros, depois de três anos de ganhos. Em 2007, entraram nos cofres papais 236.737.207 euros contra 245.805.167 euros de despesas.

    A actividade institucional da Santa Sé não produziu qualquer llucro, designadamente a Secretaria de Estado, congregações, conselhos, tribunais, sínodo, nunciaturas e outros organismos. O sector imobiliário do Vaticano apresentou um lucro de de 36,3 milhões de euros (32,3 em 2006), enquanto a actividade financeira prosseguida por sete administrações do estado pontifício (sobretudo a Administração do Património) registou apenas um lucro de 1,4 milhões de euros contra os 13,7 milhões de euros em 2006 - um recuo de 12 milhões de euros.

    E nisto, a inversão da tendência das taxas de câmbio, sobretudo com o dólar norte-americano, foi um verdadeiro pecado mortal.

    Além disso, a actividade de instituições na órbita da Santa Sé (Rádio Vaticano, Tipografia, Osservatore Romano, Editora e Centro de Televisão) apresentaram um défice de 14,6 milhões de euros centrados sobretudo nos custos da Rádio Vaticano e do Osservatore, mas a Tipografia e TV renderam 1.458.754 euros e a Livraria Editora deu um lucro de 1,6 milhões de euros.

    Em 2007, a Cúria contava com 2.748 colaboradores, 44 mais que em 2006 – 778 eclesiásticos, 333 religiosos, 1.637 leigos (dos quais 425 mulheres) e 929 reformados.

    A governadoria do estado da Cidade do Vaticano registou contas positivas no montante de 6,7 milhões de euros contra os 21,8 milhões de euros em 2006, rombo não só devido a despesas com o património artístico (restauro da Capela Pauina, trabalhos nas basílicas de São Paulo e de Santa Maria Maior) mas também devido à segurança do Vaticano, além de que a mesma governadoria cobriu metade do défice da Rádio Vaticano (12,2 milhões de euros).

    Quanto ao Óbulo de São Pedro que suporta as obras de caridade, a verba também diminuiu: 50,8 milhões de euros em 2007, contra os 74,6 de 2006. Para este óbulo, há a registar que um anónimo (português não será, porque se tivesse sido não seria anónimo) doou à Santa Sé 9,09 milhões de euros, enquanto os contributos das dioceses somaram 18,7 milhões de euros.

    Resta-nos lembrar que este Óbulo de São Pedro é uma colecta de esmolas realizada anualmente pelos católicos do mundo inteiro, surgiu na Idade Média e perdura até hoje. Naturalmente que se comenta por aqui que aaquela doação anónima de quase 10 milhões de euros, é mais do que uma esmola – é uma penitência bem-vinda para as contas papais, de resto apresentadas a 4 de Julho pelo monsenhor Velasio De Paolis, presidente da prefeitura para os Assuntos Económicos do Vaticano.

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