28 outubro 2008

Sobre «informação» do MNE. Duas ou três coisas que chegam a cinco

É EVIDENTE Depois da nota do director do Gabinete de Informação e Imprensa, Fernando Tavares de Carvalho, vai para dois meses, segundo a qual «No âmbito da reestruturação que o Gabinete de Informação e Imprensa do MNE está a levar a cabo em matéria de produção informativa, o BID (Boletim de Informação Diplomática), será substituído, a partir da próxima segunda-feira, dia 1 de Setembro, por um serviço de clipping de audiovisuais e de imprensa (nacional e internacional) com alertas, via e-mail, duas vezes por dia», é evidente que se ficou na expectativa.

    Primeiro, expectativa sobre como é que um serviço de clipping poderia substituir um boletim de informação diplomática apesar do boletim, com excepção do pouco que, de fonte autónoma, reportava de acções embaixadas e consulados, pouco ter tido de informação e muito menos de diplomática - era uma súmula da Lusa e uma ou outra matéria dos «jornais de referência» para se dar prova que são lidos.

    Segundo, bem poderia acontecer milagrosamente que um serviço de clipping, feito fora dos muros das Necessidades por encomenda como qualquer empresa faz e até deve fazer, enfim fizessem o clipping das Necessidades - o que nunca foi feito e talvez nem se queira fazer.

    Terceiro, expectativa de que o site oficial do MNE, mesmo com esse serviço de clipping do padre Aparício, saísse da improvisação, dos punhos de renda sempre que se trate de intervenção de ministro ou de secretário de estado eloquente, e nesse se assumisse o dever de informação pública, agregando agendas bem feitas e abrindo a via de newsletters sobre as matérias de política externa que, obviamente, interessam a todos e pelas quais todos têm não só curiosidade mas empenho.

    Quarto, expectativa de que tal «reestruturação» seria sinal de que a «informação diplomática» deixaria de ser o que tem sido - sinónimo de marketing político dos decisores, cujo cúmulo se atingiu com Freitas do Amaral cujo porta-voz pessoal se diluía ou insinuava em porta-voz do ministério, não se sabendo se Freitas do Amaral era o Ministério adoptado ou se o Ministério era um órfão protegido e que a Santa Casa cedeu por empréstimo à política externa.

    Quinto, expectativa de que o MNE, que até agora nunca acertou na comunicação (apenas tem acertado na marcação com media seleccionados e para determinados efeitos - Martins da Cruz nisto foi mestre até que já não conseguiu), enfim, seria desta que que se empenharia a acertar. Não foi o caso - a maré morta do BID deu lugar ao tsunami que nem sequer roça por alguma qualidade, vida e até coisa própria que, por exemplo, a AICEP coo seu Portugal Global ou Portugal News conseguiu, com abertura, modernidade.

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