29 novembro 2008

Brasil volta a agitar-se. A IV Frota dos EUA

dados via AGÊNCIA SENADO

MAIS UMA PARA OBAMA No senado brasileiro, a comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional volta a precocupar-se com a reativação das atividades, no Atlântico Sul, da IV Frota da Marinha dos EUA e quer ouvir do ministro da Defesa, Nelson Jobim, no dia 3. Desde maio que os senadores brasileiros vêm criticando a decisão tomada por Beroge W. Bush. Designadamente, em Jungo, o senador José Nery recordou que a frota foi criada em 1943 para patrulhar submarinos alemães nas águas da região da América Latina, mas foi desativada em 1950. Para José Nery, a reactivação da frota norte-americana equivale a "um verdadeiro ataque à soberania brasileira e uma ameaça à paz na região", estimulando a militarização e a corrida armamentista nas Américas, além de representar uma "ameaça nuclear", já que os navios seriam dotados de equipamentos nucleares.

Em Julho, o senador Pedro Simon (do moderado PMDB-RS) disse ser "radicalmente contra" a decisão do governo dos EUA, a respeito da qual afirmou ter as "piores recordações" - em referência à participação do governo norte-americano na deposição do então presidente brasileiro João Goulart, em 1964.

Outro senadores, Eduardo Suplicy (PT-SP), João Pedro (PT-AM) e Cristovam Buarque (PDT-DF) manifestaram ao embaixador dos EUA, Clifford Sobel, preocupação com a reativação da frota e pedtiram fosse transmitido aos então ainda candidatos Barack Obama e John McCain, as suas reservas face à decisão de Bush.

Ainda em julho, Cristovam Buarque, em discurso no plenário, considerou "um erro diplomático" o posicionamento da Quarta Frota em águas do Atlântico próximas à América Latina, e advertiu que a opinião pública nacional, alertada para possíveis acções visando à internacionalização da Amazônia, veja na aproximação daquela força naval, uma afronta.

Dias depois, os senadores reuniram-se com Nelson Jobim e com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para discutir o tema. Nessa ocasião, representantes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Suriname e Venezuela no Parlamento Amazônico (Parlamaz) arpovavam uma declaração chamada "Carta de Brasília", na qual defenderam o desenvolvimento sustentável e afirmaram que a presença da Quarta Frota norte-americana nos mares da América do Sul é uma ameaça à soberania dos países da região.

No final de julho, o parlamento do Mercosul aprovou um projeto de declaração, apresentado pelo senador brsileiro Aloizio Mercadante (PT-SP), em que se considera "inoportuna e desnecessária" a reativação da Quarta Frota. O texto ressaltou que a América do Sul é uma região "pacífica e democrática", onde os eventuais conflitos são resolvidos segundo os princípios da não-intervenção e da solução negociada de divergências.

Em agosto, Eduardo Suplicy leu em plenário a carta enviada aos candidatos John McCain e Barack Obama, aprovada por unanimidade pelos membros da comissão de Relações Exteriores do senado. Na carta, de idêntico teor para ambos os candidatos, os senadores questionaram a posição de cada um sobre a reativação da frota.

Em meados de setembro, ao apresentar ao Parlamento do Mercosul a proposta de criação do Conselho de Defesa da América do Sul, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu a vinculação das estratégias de defesa e desenvolvimento da região. Na ocasião, Jobim afirmou não ter "nenhuma preocupação" com a recriação da Quarta Frota e atribuiu a reactivação da força naval a uma "reorganização administrativa", observando que se deve apenas estar atento à soberania dos países da região sobre suas águas territoriais. "As águas jurisdicionais sul-americanas são sul-americanas. E ponto", disse Jobim.

Agora, o ministro da Defesa vai ser ouvido no senado. Tem que explicar.

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