Então, pergunta-se. As autoridades sérvias perceberam e compreenderam o mesmo ou mais que em Portugal se percebeu? E o que é que em Portugal se percebeu? Que o reconhecimento foi feito «por solidariedade» com parceiros, havendo parceiros, então, nada solidários? Que reconheceu por, até esse momento, 47 dos 192 estados membros da ONU terem reconhecido? Ou haverá algo mais que, por aqui, mesmo que se percebesse não se devia compreender e que portanto foi omitido?
- E a que propósito os sérvios farão uma avaliação de excepção ao reconhecimento português em relação a outros reconhecimentos não especificados? É caso para se perceber que haja reconhecimentos diferentes de reconhecimentos? Ou se reconhece, ou não; o resto é delicadeza decorrente de reservada condescendência mental, no que os sérvios são mestres. Naturalmente que Belgrado não iria dizer a Luís Amado que o reconhecimento português foi igual aos da Samoa, Belize, Ilhas Marshall, S. Marino, Liechtenstein e da República de Nauru... Há diferenças, e estas, todos os sérvios e alguns portugueses, não só percebem como compreendem.
Finalmente, sabe-se agora oficiosamente, que Portugal apoiou a proposta sérvia na assembleia geral da ONU para que o Tribunal de Haia se pronuncie. Oficialmente, sobre esta matéria, não houve nem há uma única palavra. Mas, também nesta questão, quem não há-de perceber, em Portugal, que se tenha reconhecido o Kosovo por solidariedade com parceiros que nunca se erraram, ao mesmo tempo que se acompanha solidariamente quem tem legítimas dúvidas e as faz seguir pelos legítimos canais para o Tribunal de Haia? Nisto, a ironia dos sérvios não podia ser mais apurada com o MNE Vuk Jeremic a "apreciar a forma como Portugal tomou a decisão que tomou, apesar de difícil para eles" - eles, os portugueses, que não não percebem nem compreendem onde esteve a dificuldade.
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