Z Omissão conveniente...
Título de canto inferior esquerdo do Expresso , "Sócrates pede a Chávez que se porte bem", chamada justificativa que sobre "as tensas relações entre a Colômbia e a Venezuela são o assunto político mais preocupante", pelo - sugere-se - "Portugal quer aproximá-los". Remet-se para a página 12 onde, sob o título magestático ou reinante "Por quê no te callas?", Luísa Meireles abre com esta: "José Sócrates está disposto a usar toda a sua influência para que a cimeira ibero-americana (...) corra sobre rodas". Mais adiante, depois de referência à situação nas Honduras, que "Sócrates gostaria de promover a aproximação entre os presidentes Chávez e Álvaro Uribe" e que para tanto, com a invocação de fonte diplomática do costume, "nem que fosse apenas um encontro entre os dois".
Ora não bem assim. O que fará recuar Chávez, designadamente com o abandono da retórica de violência e ameaça militar contra o país vizinho, pouco ou nada tem a ver com Sócrates. Tem a ver com o adiamento da entrada plena da Venezuela no Mercosul, ou mesmo impedimento, o que está nas mãos do Brasil, assunto discutido esta semana no senado brasileiro. Nada tem a ver com Sócrates e pouco tem a ver com o que Portugal possa fazer fazer ou não. É muito provável que Chávez recue porque precisa do pé para a mão de participar na parceria sul-americana onde o Brasil pontifica ao lado da Argentina, Paraguai e Uruguai, com este país a dar sinais de rompimento (se Luis Alberto Lacalle vencer a eleição presidencial).
Naturalmente que se compreende que José Sócrates tenha as melhores intenções na matéria e desenvolva credíveis esforços para amansar o coronel, mas não depende dele nem de uma hipotética repetição sua do rompante de Juan Carlos, que o chefe venezuelano retire a ameaça militar e o presidente da Colômbia aceite sossegado que o falcão se transforme em pomba, embora o Estoril seja propício a tais metamorfoses. Mais do que isto será sugerência mais própria de crónica oficial.
Portugal, como organizador da XIX Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, deve estar por ora preocupado é com o número ou quais os chefes de estado e de governo que confirmaram ou irão seguramente confirmar presença no Estoril. Sobre isto o MNE nada diz e aquele site oficial da cimeira nada acrescenta, embora se vá fazendo tarde, a 15 dias da reunião, não será assim, oh fonte diplomática ?
É verdade que já foi produzido um bolivariano dito-por-não-dito, mas nem basta nem pelos termos usados, é credível que tenha havido influência portuguesa ...
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