Luís Amado esteve em Abril em Bissau,
e a varanda não caíu.
João Cravinho irá lá nos dias 23 e 24,
e a varanda não cairá!
Só por milagre...
e a varanda não caíu.
João Cravinho irá lá nos dias 23 e 24,
e a varanda não cairá!
Só por milagre...
Em verdade, em verdade vos digo. Alguns dias antes do ministro Luís Amado chegar a Bissau para a tomada de posse do novo governo, em Abril, o mestre dirigiu-se à Avenida de Lisboa onde fica a embaixada portuguesa, acompanhado por seus discípulos e alguma multidão. Parou e disse: “Ora, para que conheçais o poder do Filho do Homem sobre a terra, vou fazer um milagre.” E juntou-se mais multidão à multidão atrás do mestre que se dirigiu ao terreno dado a Portugal para o Centro Cultural mas que está votado ao abandono, transformado em depósito de garrafas à espera de reciclagem, local de passadores de droga (nas noites escuras de Bissau) e mercado de vendedores senegaleses e malianos (durante o dia) sobre os quais, passadores nocturnos e vendedores diurnos, há o risco iminente de cair uma enorme varanda completamente podre, podendo Portugal ser acusado de negligência. Alguns escribas que seguiam no meio da multidão diziam entre si: “Mas este mestre é capaz de fazer algum milagre? Que poderes tem ele?”. Então o mestre, lendo os pensamentos dos escribas que eram do partido dos fariseus, olhou para a varanda em ruínas, apontou o dedo e disse: “Não caias oh varanda, enquanto o ministro Amado cá estiver e não te deixes cair até ao próximo dia 23 e 24 quando voltar a Bissau o secretário de estado João Titterington Gomes Cravinho, nascido em 1964, casado, com dois filhos, licenciado e mestre pela London School of Economics do Reino Unido e doutorado pela Universidade de Oxford, investigador visitante na Universidade de Georgetown, em Washington, professor auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde é docente na licenciatura em Relações Internacionais, e coordenador do Programa de Doutoramento em Política Internacional e Resolução de Conflitos, não caias oh varanda!”. E a varanda não caíu até estes dias para gáudio da multidão e estupefacção dos escribas que, perante o milagre, faziam tudo para tocar na túnica do mestre, dizendo: “Este homem tem o poder de aguentar uma varanda e tem a sabedoria de saber o nome completo de João Cravinho, o que é e o que faz!” Enquanto isto, o mestre foi para junto dos passadores e dos vendedores senegaleses e malinianos, falando com eles e dizendo-lhes: “Sigam-me!”, enquanto na embaixada crescia o receio do mestre se dirigir para lá a solicitar vistos para toda aquela multidão deveras excitada pelo milagre da varanda não ter caído. Perante isto, e sentindo-se o mestre na obrigação de acalmar a turba, chamou o discípulo predilecto e disse-lhe: “O Filho do Homem vai fazer um sermão a esta gente e tu escreve o que eu digo e serás o meu emissário para entregares as minhas palavras ao embaixador português para que elas sigam pelos canais diplomáticos”. E depois do recolhimento, o mestre voltou à Avenida de Lisboa, e subindo para cima de um banco disse à multidão o que as escrituras já previam como sendo o Sermão do Centro. Palavras do senhor.
Virá o Sermão. Para encerrar.
Sem comentários:
Enviar um comentário