Mais uma leitura para os fiéis atentos
sobre negócios como no tempo de Abraão
sobre negócios como no tempo de Abraão
Em verdade, em verdade vos digo. Naqueles dias, estando os discípulos muito incomodados, perguntaram ao mestre: “Mestre, diz-nos o que aconteceu outrora com esse terreno do Centro Cultural, pois parece-nos que está enfeitiçado e tememos que o feitiço se volte contra nós!”. O mestre, que tal como o governo português também estava a comer amendoins, olhou com firmeza para os discípulos e, cuspindo uma casca que por engano metera na boca, disse-lhes: “Oh filhos de gentios! Vos não sabeis que deixou de haver feitiços desde que o Filho do Homem está entre vós? Enquanto fordes incrédulos e conduzidos pelo mal, jamais tereis um Centro Cultural e muito menos uma Escola Portuguesa em Bissau! Podeis apanhar borboletas na embaixada., podeis vós beber do bom e do fino até altas horas acompanhados de romanas, cananeias e samaritanas, mas Centro, jamé! Escola, jamé!” . Ditas estas palavras, o mais velho pediu então em nome de todos: “Mestre! Perdoai-nos e ensina-nos que com a partida do procônsul não cometeremos tais pecados!”.
Foi então que o mestre se comoveu e disse: “Es-tá escrito nas escrituras que haveria de surgir em Bissau uma família com um advogado muito próximo da embaixada, o qual, segundo o profeta Ali Bábá, era também amigo de um ex-adido da Cooperação, pois ambos rezavam no templo e agora já não rezam pois um foi para Díli, lá longe, muito para além do deserto e de sete mares mortos. Pois essa família, já no tempo de Abraão, antes da independência de Canaã, tinha dívidas ao fisco e ao banco dos profetas, o Banco Nacional Ultramarino”. Os discípulos estavam admirados com a sabedoria do mestre e embevecidos nas suas palavras também deram por si a comer amendoins a que alguns romanos chamam alcagoitas. Um deles, filho de Judas Tira-a-Limpo, disse: “Mestre sabeis muito! Ensinai-nos!” ao que o mestre respondeu: “Fui enviado pelo pai para salvar o terreno, o centro e a escola, mas vejo que não há unhas para tocar esta viola”. É claro que os discípulos ficaram estupefactos com a arte do mestre em fazer rimar escola com viola, ao que depois, erguendo a voz, continuou o mestre com termos e estilo que fogem à tradição das escrituras: “O banco propôs ficar com o terreno pagando a parte devida ao fisco, e, além disso dar dinheiro ou um outro terreno de menor valor à família para colmatar o diferencial. Mas, discípulos amados, veio a independência e a dependência, e a família romana passou a argumentar que, como deixou de existir o Banco Nacional Ultramarino e Bissau é independente, o terreno voltou a ser da tal família sem que esta, no entanto, tenha devolvido o outro tal terreno da tal colmatação, etc e tal, negócio de feira e tal. De facto, amados discípulos, o terreno é do Estado guineense, se não se for ao ponto de reclamar que o BNU teve que fazer face a dívidas contraídas pela Guiné Bissau e não por Canaã, pelo que, se tinha a obrigação de honrar passivos, também tinha direito a activos! Agora ide e descansai um pouco”.
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