07 novembro 2009

Pasta dos Estrangeiros. Excessiva "desdiplomatização"...


Luís Amado é o número dois do XVIII Governo - já tal grau tinha no XVII. Ninguém viu nisso motivo de censura, antes pelo contrário, motivo de aplauso, tratando-se de quem tem a pasta dos Negócios Estrangeiros pendularmente desgraduada em anteriores governos. Mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra - são raros os que partilham da ideia de que a pasta dos Estrangeiros deva ou possa ser excessivamente partidarizada à custa, digamos assim, de uma "desdiplomatização" ou de uma imagem que isso sugira. A pasta dos Estrangeiros, num sistema semi-presidencialista e numa área em que o parlamento não interfere grandemente, ou pelo menos com insistência, tem ficado a resguardo dos confrontos parlamentares quanto a opções gerais de governo e no combate político directo. Jaime Gama, nessa matéria, foi um artífice e um artista - ninguém como ele soube manter a pasta sentada na cadeira da diplomacia, à margem das circunstanciais querelas partidárias. Daí que tenha causado surpresa o facto de Luís Amado, fora das matérias da pasta, ter surgido a fechar o debate do programa de governo e, sobretudo, como a forma como fechou: "desdiplomatizando" a pasta, sendo desta o protagonista. Poucos voltarão a ver Luís Amado fora dessa deriva, no nosso entendimento, desacautelada. O sistema não aconselha tal deriva, sobretudo num momento em que há uma crise de confiança. E em matéria de confiança, o MNE é um pilar, ou, na terminologia cara a Amado, é um eixo.

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