Há muito que não pegamos na questão de reis em que o MNE se meteu, sobretudo com aquele célebre parecer sobre o “herdeiro do trono” reconhecido pelo estado português que já não se entende o que foi: se foi mesmo parecer ainda que parecendo não ter sido homologado pelo ministro, ou se não foi mas tendo produzido efeitos como se tivesse sido, ou se morreu como documento de trabalho interno restando saber para quê e por quê tanto trabalho. Fosse o que fosse, há alguém acusado na justiça italiana, sem que se saiba ao certo quem acusou e assumiu a acusação, de ter usado um título que o estado português não reconhece reconhecendo-o em pessoa diferente mas sem se saber também ao certo com que fundamento e legitimidade reconhece, designadamente por via do MNE. Esse alguém foi acusado de emitir documentos que apenas ao estado português compete emitir (passaportes) mas também não se sabe ao certo se foi isso que emitiu, desconhecendo-se também se o acusador fez prova. Esse alguém chegou a estar detido e, também segundo parece, esse alguém será neste momento o único protagonista, não se sabendo bem quem acusou, como acusou e porque acusou. E nisto esteve metida a embaixada de Portugal em Roma, também não se sabendo se quem se meteu foi apenas alguém da embaixada ou a própria embaixada formalmente, por iniciativa própria reportada para Lisboa ou actuando com instruções claras de Lisboa. Passado este tempo todo, o assunto continua envolto em nuvens arrastando-se, ao que se crê, na justiça italiana que em muitos aspectos ou nos piores aspectos é prima-irmã da justiça portuguesa.
Ora, aqui, neste espaço das NV, não temos preconceitos nem ideias pré-formadas e muito menos interesses de tese ou de causa, quando se trata de questionar até que ponto um procedimento do estado português pode ter eventualmente ferido direitos humanos básicos, sobretudo os de defesa perante acusações infundadas, excessivas ou por hipótese indevidas.
É óbvio que se impõe ouvir esse protagonista que se chama Rosario Poidimani, e ouvi-lo sobre quem afinal o acusa de ser “pretendente do trono” – parecendo ser esta a questão, sobre que trono é esse que está em causa e onde está esse trono sobre o qual o MNE fez um “documento de trabalho”. Ouvi-lo naturalmente sobre isso dos passaportes – eram? Não eram? Quem acusa é o estado italiano? Se é isso, são contas de Itália. É o estado português, na sequência de iniciativa de uma embaixada de Portugal? Se isto é, já são contas que nos interessam. É isso que vamos tentar saber, naturalmente contando nós que Rosario Poidimani fale verdade e apenas a verdade e faça essa verdade confrontar-se com a verdade que, em última análise, o MNE algum dia terá de expor ou deverá expor com clareza e sem equívocos.
Por estes dias mais próximos, seguirão as perguntas e aguardaremos as respostas.
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