13 junho 2011

PONTO CRÍTICO 36 : Diplomatas e blogues

Desperdiça-se por essas embaixadas
e consulados
este extraordinário instrumento
que é um blogue.
Por preconceito e relutância.
    RAROS SÃO OS DIPLOMATAS que têm blogues pessoais ou que, com espírito de serviço, fazem por manter blogues das suas missões. Alguns têm blogues anónimos que poderiam ser perfeitamente assumidos ou assinados. É claro que também houve um ou outro caso de anonimato a cobrir conteúdos dispensáveis ou mesmo interesses espúrios - destes não rezou a história, mas também esses poucos casos contribuíram para a relutância geral dos diplomatas em opinarem em blogues sobre matérias que podem opinar, ou pura e simplesmente em comunicarem o que pode e deve ser comunicado de forma expedita, gratuita e eficaz.
    Passada aquela fase em que os blogues eram conotados com um apodado estrato inferior de comentaristas, de estigmatizados colunistas sem lugar no mundo ou até mesmo de incómodos espíritos que não teriam mais nada a fazer no mundo, passada essa fase de sub-entendimento do momento que passa e com os blogues a fazerem parte já da avenida universal da opinião e da comunicação, da s universidades às escolas básicas, das maiores organização mundiais ao clube da esquina, das línguas faladas por centenas de milhões ao dialeto entendido por 345 seres humanos, o certo é que os diplomatas portugueses continuam com a relutância quer em opinar quer em comunicar, embora seja crescente o número dos que, enfim, espreitam, lêem e até comentam os blogues à hora do arroz doce, ou naquele momento estratégico em que ninguém dá por isso, como se ler um blogue, ainda que com este não se concorde, fosse uma patifaria a ser denunciada à professora da primária (ainda há disto).
    Naturalmente que essa geral atitude de relutância que, assim estamos em crer, não é de aversão, pelo menos daquela aversão que seria mais própria do bota de elástico ou dos punhos de renda, essa relutância não se altera por despacho do ministro ou por instrução dos secretário-geral, nem daqui se espere grande alavanca por efeito aquela inércia com que o poder (grande e pequeno) molda espíritos.
    A contrastar com essa generalidade de relutantes, dir-nos-ão que há bons, excelentes exemplos. Há. De tais exemplos, aqui, nas NV, temos dado conta. Para opinar, cada um é livre e fará o que decidir desde que, sem preconceito, saiba e possa - e este poder em nada decorre de qualquer rubrica de abono para blogues, o que seria inconcebível e inaceitável. Poder significa querer e, além disso, compreender as vantagens da diplomacia pública através deste instrumento que está à mão de semear. Mas que dá trabalho, lá isso dá! E trabalho que não pode entrar nas horas de expediente. 
     Carlos Albino

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora,ora muitos diplomatas seguiram para as Necessidades por que nasceram cansados e já com uma carga de mediocridade de raízes...
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Não têm blogues (alguns) porque o terror da Santa Inquisição ainda se instala sob os claustros.
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Com isto muitos parabéns ao embaixador Seixas da Costa pela coragem!
José Martins

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P.S. - Nem tudo pela seara das Necessidades é joio... Até por lá há bom cereal... só que o joio (gorgulho) tenta destrui-lo...

Anónimo disse...

ALVITRE:

Ofereço-me e de borla a todos os diplomatas que não tenham blogues e habilidade para os elaborar que será com muito prazer que o farei.
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Facílimo... Mandem-me por e-mail josegomes.martins@gmail.com o material a inserir.
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Para amigos meus, diplomatas, mãos rotas!
José Martins