A intenção tem alcance e vem ao encontro: o Governo criou uma página especial onde deverão constar as nomeação de quadros e designação de colaboradores para os gabinetes dos ministérios, ressalvando que os despachos "encontram-se, em alguns casos, ainda em fase de elaboração, após o que serão publicados em Diário da República, constituindo-se nesse momento como título jurídico bastante para todos os efeitos", obrigando-se a divulgar os nomes dos nomeados, funções, vencimentos brutos e respectivo contacto electrónico. Só que, decorridos 45 dias desde a tomada de posse, alguns ministros e secretários de Estado, segundo parece, não nomearam ao menos chefes de gabinete nem designaram um único colaborador... Nesta hora, é o caso do Ministério dos Negócios Estrangeiros que não consta quanto a fortíssima diplomacia transparente.
A intenção é boa, todavia a mera antecipação do Diário da República é uma figura de estilo e um exercício inútil de factos consumados para satisfazer algum voyeurismo político de trazer por casa. Como nos rios, a transparência nasce a montante e não a jusante. E é a montante que se deve ver se a água nasce inquinada - não é o Diário da República ou a sua conveniente antecipação que a purga e depura. Voyeurismo, não - obrigado.
2 comentários:
Brilhante texto e poderosa imagem sobre a transparência.
Erra Campos e Cunha: não há determinação do governo em poupar. Como toda a gente já percebeu o retardamento da publicação das nomeações dos gabinetes é apenas um expediente para manter ordenados chorudos como se o pessoal ainda estivesse de facto nas Embaixadas. É que o Ministério continua a ser um Estado dentro do Estado. Não há Tribunal de Contas que aqui penetre.
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