23 outubro 2011

Caso exemplar de abnegação: 4.592,43 €

Os bons exemplos são para serem destacados, sobretudo os de abnegação. Decidiu o governo publicar nomeações e remunerações no site oficial e assim tem procedido. Até poderá parecer que só por curiosidade mórbida ou exercício conventual de inveja se passa os olhos por lá mas também pode acontecer que o propósito seja fazer jus a casos de evidente abnegação pela causa pública. E será este o caso do chefe de gabinete do primeiro-ministro, Francisco Ribeiro de Menezes, que trocou o excelente posto de embaixador em Estocolmo, o que quer dizer, trocou o vencimento de escalão e abonos compensatórios num total muito acima pelo que passou a auferir, pelo declarado vencimento mensal bruto de 4.592,43 €.

Os embaixadores recebem em função de três escalões (escalão 1 - 3674,46 euros; escalão 2 - 3852,26 euros e escalão 3 - 4039,05 euros) mas o bolo é acrescido pelos abonos compensatórios de representação e residência elevando-se as quantias recebidas a valores entre os os 10 e 15 mil euros, conforme as capitais (Madrid à cabeça), numa pirâmide que, além dos diplomatas, beneficia igualmente adidos e conselheiros. Tais abonos de residência e de educação que gozam de isenção fiscal, acrescendo que os diplomatas ficaram isentos do corte salarial previsto já no Orçamento do Estado para 2011 - há diplomatas que recebem 12, 13, 14 mil euros isentos só em abonos.

Ora trocar o vencimento e abonos de Estocolmo por menos de metade em Lisboa é um evidente caso de abnegação a não ser que nesse exercício de transparência, o site do governo apenas conte da missa a metade o que também não seria de estranhar dado perfil dos modernos franciscanos descalços. Agora saber-se!

7 comentários:

Anónimo disse...

Não é tanto a questão da abnegação a mais saliente, mas a de ter chefiado o gabinete de um ministro da agora oposição e agora saltar para chefe de gabinete do líder da antes oposição. Como continua a ser estranho que Seguro continue a convidar Amado para as suas reuniões. É que Amado não se livrará da fama de submarino, verdadeiro cavalo de tróia da ex-oposiçao, poder hoje, ex-poder, oposição amanhã.

Anónimo disse...

Todos sabemos que alguns diplomatas são autenticos camaleões e não olham a meios para atingirem os seus fins. Ninguem fala do chefe de gabinte do Ministro Relvas, que tambem foi chefe no governo anterior e que quer chegar alto e depressa.

Anónimo disse...

A vítima.
O Ribeiro Menezes junior é uma vítima dos seus laços familares na carreira – essa descoberta, murmura-se, terá sido foi feita pelo próprio.

1. Em 1990 quando era adido embaixada, na direcção de política externa (a mais disputada então no MNE) tinha como director geral o próprio pai. Em qualquer ministério dos negócios estrangeiros dos países civilizados, seria caso para mudar de direcção, mas a “vítima” ficou. E seria ingenuidade acreditar-se que algum subdirector político ousasse tratá-lo abaixo de cão, como era uso fazer-se aos outros adidos.

2. Em 1994 consegue colocar-se na Delnato – curiosamente clamando nos corredores contra o governo do então Cavaco Silva, como sendo um perseguido.

3. Com a mudança de governo em 1996, ascende a o gabinete do ministro do MNE Jaime Gama, graça ao embaixador Pimentel, que havia sido seu chefe na Secretaria Geral.

4. Vêmo-lo em 2001 na embaixada de Madrid, auferindo da representação mais elvada do quadro externo. Onde se deixa estar durante o governo PSD e durante os meses de governo PS em que Freitas do Amaral foi ministro do MNE.

5. Têmo-lo de regresso a Lisboa em 2006 no gabinete do ministro Luis Amado.

6. Na altura da sua promoção a ministro em 2009, além da insistência do gabinete do MNE junto aos membros do júri do Conselho do MNE, (confidenciado por um dos membros, não se pode confiar em ninguém...), contou com o conhecimento pessoal de todos os embaixadores participantes, entre os quais, o seu próprio padrinho de baptismo.
7. Em 2010, quando o governo de Sócrates começou a tremer seriamente, procurou ir para o estrangeiro. Foi primeiro indigitado para ir para o Cairo. Mas, graças a um pedido da sua mulher Teresa Leal Coelho, (constitucionalista e deputada do PSD), junto a Luis Amado, o ministro dito PS, obteve o posto bem mais seguro de Estocolmo.

Já pensaram que brilhante carreira este funcionário não teria feito se não tivesse tido um pai Director Geral, e, mais tarde Secretário Geral do MNE? Uma mãe militante activista do PS, um padrinho membro do Conselho do MNE, e, uma mulher deputada de PSD, Nº2 pelo círculo do Porto ?

Agora fechem os olhos, e, tentem imaginar ume quadro similar, nos ministério dos Negócios estrangeiros de países da Zona Euro, dos USA, do Brasil, da Argentina e do Japão...
Impensável. Percebem agora porque é que Portugal é tão pouco respeitado lá fora?

Jorge da Paz Rodrigues disse...

depois de ler o comentário anterior e de cuja veracidade não duvido, fiquei a compreender melhor como os medíocres têm tanto êxito em Portugal...

Anónimo disse...

É por estas e outras razões, este tráfico de influências, favorecimento pessoal, etc e tal, que Francisco Ribeiro de Menezes vai ter, em breve, que haver-se com a Justiça, com um Processo junto Ministério Público (MP).
Sendo Chefe de Gabinete do PM, até é capaz de a coisa ter impacto. Por exemplo, no Sol, Expresso, Público, Sábado.
E Victor Seguro (que serviu, e bem, António Braga e depois Vasco Valente, homens do PS,hoje C-G do Ministro Miguel Relvas/PSD)...que se segure. Talvez venha a ter de dar algumas explicações algo complicadas ao mesmo MP.

Anónimo disse...

Pedido de esclarecimento.
o comentário N. 3 uma biografia factual da carreira de Francisco Ribeiro Menezes parece transparente, e, até se pode confirmar as datas e os factos apontados no Anuário Diplomático e Consular Português, editado pelo MNE.
O comentário N. 5 apresenta-me mais nublado – as referências ao Ministério Público, indicam provavelmente os processos contra os vários concursos a promoções a conselheiro e a ministro que o MNE perde constantemente em dano do seu bom nome. Como os tribunais ainda condenam o ministério a pagar as custas de justiça implicadas nessas acções, a conta é finalmente coberta pelos contribuintes portugueses – a mais condenável das injustiças.
Mas o que vêm Victor Seguro e companhia fazer neste aglomerado de contos não exemplares ?
A pedido de várias famílias, gostariamos de ser esclarecidos.

Anónimo disse...

Até que enfim vejo alguém chamar as coisas pelo seu nome...tão boas cabeças que existem neste País, mas infelizmente quem tem padrinhos ou pais, mulher etc é que vence.

Como é que esperam que os portugueses acreditem nesta transparência (...)?

Depois deparamos com eles em serviço e perguntamo-nos a nós próprios "como é que esta ave passou nos concursos". Agora sei a explicação.