Gafe de Dilma Rousseff rima com sebenta |
No histórico deste longo processo que se arrastou ao longo do século XX,
regista-se que em 1911, no seguimento da implantação da república em Portugal, foi levada a cabo uma profunda reforma ortográfica que modificou completamente o aspeto da língua escrita até então, mas, reforma essa feita sem qualquer acordo com o Brasil, pelo que os dois países passaram a ter ortografias diferentes: Portugal com uma ortografia reformada, o Brasil com a ortografia tradicional.
Em 1931, muito longe das independências africanas, foi feito novo acordo entre os dois países, embora os vocabulários que se publicaram, em 1940 (em Portugal) e 1943 (no Brasil), continuassem a conter divergências, em função das quais se seguiu outro novo encontro bilateral que deu origem ao Acordo Ortográfico de 1945. Este acordo tornou-se lei em Portugal, pelo Decreto 35.228/45 e no Brasil, chegou a ser aprovado pelo Decreto-Lei 8.286/45, mas não foi ratificado pelo Congresso Nacional, sendo por fim revogado pela Lei 2.623/55, a assim os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia do Formulário Ortográfico de 1943.
Já no campo da nossa memória viva, ocorreu novo entendimento entre Portugal e o Brasil que se tornou efetivo em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal. Este entendimento aproximou a escrita dos dois países, suprimindo-se os acentos gráficos responsáveis por 70% das divergências entre as duas ortografias oficiais e aqueles que marcavam a sílaba subtónica nos vocábulos derivados com o sufixo -mente ou iniciados por -z. Novas tentativas de acordo saíram goradas em 1975 — em parte devido ao período de convulsão política que se vivia em Portugal — e em 1986 — devido à reação que se levantou em ambos os países, principalmente a propósito da supressão da acentuação gráfica nas palavras esdrúxulas.
Finalmente, o Acordo de 1990 para o qual, instrumentalmente, apenas falta a ratificação por Moçambique (com aprovação recente) e a aprovação e ratificação por Angola, encontrando-se oficialmente em vigor no Brasil e em Portugal, para evitar delongas.
Tratando-se de um Acordo internacional em que a boa fé e o compromisso das partes contam, esperava-se tudo menos que o Brasil, unilateralmente, tomasse a iniciativa isolada de proceder a modificações. Mas é o que acaba de acontecer por iniciativa direta de Dilma Rousseff com uma Lei 12.605, de 3 de abril de 2012, a determinar "o emprego obrigatório da flexão de gênero para nomear profissão ou grau em diplomas". Tudo para "legalizar" Presidenta como feminino espúrio de Presidente, o que não deixa de ser português de sertão e assim não nos entendemos porque nem todos são araras.
Modificar substantivos por decreto unilateral quando há um acordo internacional, nem a uma Menina Jesus lembra. As obsessões têm limites, nem que venham do Planalto.
Continuaremos o assunto.
1 comentário:
o gesto "lindo" que a sra Presidente faz na foto do artigo em questão está para as boas maneiras, como o A/O está para a língua portuguesa, obsceno.
Gloria reis
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