22 abril 2013

"Jornal de Angola"

Aparentemente, uma coisa devia ser Angola, outra o "Jornal de Angola" e outra ainda, dentro desse jornal, o seu diretor José Ribeiro. Os que conhecem José Ribeiro de há muito, sabem que este, dentro do "Jornal de Angola", é uma espécie de novo cruzado africano, faz cruzada, a sua. Por regra, o cruzado luta julgando-se num tempo que, entretanto, já passou. Ele observa os males do Estado português como se Portugal fosse ainda o Estado colonial que ficou em imagem parada no seu cérebro, e vive no pressuposto de que o seu país é um alvo constante dessa sua obsessão. Tudo o que é de Angola, tenha a ver com Angola ou implique gente de Angola (mas não toda), para José Ribeiro, é por definição intocável. Di-lo abertamente e escreve no "Jornal de Angola" com uma tal arte de cruzado, que não é difícil cair na ilusão de que ele, José Ribeiro, o "Jornal de Angola" e a própria Angola sejam três pessoas geradas e não criadas da mesma santíssima trindade. José Ribeiro escreve? É Angola que escreverá. O "Jornal de Angola" diz? É José Ribeiro que dirá, e com ele ou por ele, Angola, as instituições de Angola, o poderio de Angola que em boa verdade não têm culpa de José Ribeiro trinitário misturar alhos com bugalhos. E é assim que em Portugal, que já nada tem a ver com a entidade colonial que foi, Angola quase só é notícia destacada quando José Ribeiro ataca ou ajuíza faltando apenas um ultimato, mas desfasado no tempo para obter beneficiosos e compreensíveis efeitos internos pelo agitar de fantasmas. E quase só isto. Contra fantasmas só há uma coisa a fazer: esperar que a doença passe. E oxalá passe, antes mesmo de José Pacheco Pereira ir a Luanda para acompanhar a feitura do Jornal de Angola sem aspas.

Leia-se a misturada que é este editorial.

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