Após a crise da Comissão Santer, em inícios de 1999, a nomeação da nova Comissão foi apressada. Com a entrada de António Vitorino para Comissário, o PM António Guterres quis cumprir o «pacto» com o principal partido da oposição, cedendo a este o lugar de DG. O PSD não esquecia o «arranjo» de 1985 e enviou então vários recados ao Governo socialista, insistindo na «rotatividade» do lugar. Guterres foi obrigado a ceder, não obstante avisos de várias fontes de que tal «operação» poderia não ser entendida por Bruxelas e ter resultados nefastos para a presença portuguesa na Comissão.
Nos contactos com a máquina comunitária sobre este assunto, emergiram, desde logo, algumas dúvidas: Portugal poderia reivindicar um lugar de DG, mas a Comissão não reconhecia o «arranjo» político interno de rotação, pelo que não se sentia obrigada a seleccionar uma personalidade da área social-democrata. A Comissão deixava mesmo a entender a sua estranheza quanto à politização e partidarização deste tipo de postos, que em outras nacionalidades não se colocava. Além disso, alguns portugueses faziam parte da estruturas da Comissão há mais de 13 anos, dispondo já de condições potenciais de ascensão, pelo que nada justificava a entrada de «paraquedistas», deslocados da capital para lugares de topo. Um certo corporativismo crescente no funcionalismo comunitário, com expressão nas suas estruturas sindicais, reforçava esta filosofia.
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