Por entre as figuras portuguesas da Comissão, um único nome recolhia um certo apoio nessa instituição: António Cabral. Não sendo militante do PSD pertencia, contudo, à area política social-democrata e era amigo pessoal de Cavaco Silva. Dada a crescente pressão do tempo – haviam já passado dois meses e as novas nomeações para DGs estava à porta – houve dentro do governo pressões para que Guterres indicasse o nome de Cabral e procedesse como Cavaco Silva havia feito: indicava uma figura da área do principal partido da oposição e informava disso o respectivo lider. Com a diferença que, desta vez, não tinha a certeza de conseguir fazer vingar o nome.
Guterres terá dito «eu não sou como Cavaco Silva» e, na sua consabida linha de diálogo, quis dar outras opções a Durão Barroso. Assim, entregou-lhe uma lista com cinco nomes próximos (dois seriam mesmo militantes) do PSD, tidos como dispondo de suficiente estatuto no «ranking» comunitário para poderem ter ambições de ser DG. Tratava-se, reconhecidamente, do melhor conjunto de nomes possíveis na área social-democrata e era encabeçado por António Cabral, verdadeiramente o único que a Comissão indicara informalmente como podendo vir a aceitar.
O tempo era escasso. O lider do PSD recebeu a lista na segunda semana de Setembro. A crise de Timor e a pré-campanha eleitoral para as legislativas meteram-se pelo meio. Em meados de Outubro, indicou formalmente a António Guterres que a sua escolha seria, afinal, Sevinate Pinto, o antigo director na DG da Agricultura que anos antes saíra por vontade própria de Bruxelas. Um nome de qualidade, mas que vinha já tarde como hipótese externa. Confrontado pelo governo com esta indigitação, o actual ministro da Agricultura terá manifestado... a mais profunda surpresa: não havia sido contactado por Barroso e não estava disponível.
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