Da ida de Durão Barroso ao Debate Geral da Assembleia das Nações Unidas, o que ficou retido foi a proposta portuguesa para que venha a ser criada uma Comissão para a Prevenção de Conflitos, no quadro da organização mundial, designadamente na adjacência do Conselho de Segurança. É uma proposta válida, diga-se, muito embora se saiba no que as comissões da ONU normalmente resultam: o impasse. Veja-se, a título de exemplo, o que acontece na importantissima Comissão para o Desarmamento – o bloqueio dos trabalhos parece ser o único ponto consensual da agenda dos próprios trabalhos, desde há vários anos...
Todavia, importa sublinhar que a proposta levada por Durão Barroso para Nova Iorque não tem novidade. Foi certamente «bebida» do sistema da OSCE, de cuja presidência, em 2002, Portugal se desempenhou bem, ganhando credibilidade. Para tanto, Martins da Cruz contou com o profissionalismo e - porque não dizer? – com a colaboração leal de Seixas da Costa a quem o Ministro pedira «tudo» no último semestre da mesma presidência. E como lealdade com lealdade se paga, Martins da Cruz elogiou publicamente (Dezembro de 2002, no Porto) e com inusitada insistência, a sagacidade negocial, o mérito, o magnífico trabalho e o empenho constante de Seixas da Costa. «Excelente embaixador», disse o ministro certamente sabendo que, muito acima de conflitos circunstanciais mas inevitáveis na frente política, a auto-estima de um País ganha-se mais com a confiança desse mesmo País na sua frente diplomática e na coesão da actividade externa do Estado.
À flata de mais e melhor, Durão Barroso fez bem apresentar em Nova Iorque uma proposta a que subjaze um capital de credibilidade da diplomacia portuguesa. E fez também em não fazer alarde deste capital, porque também não se vê onde está a continuidade que se esperava da experiência da OSCE. Mas isto será tema para outro comentário.
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