Paulo Portas, em Rabat, aproveitou bem o calendário. A propósito de uma 9.ª sessão da Comissão Lista Militar luso-marroquina, e com o peso institucional que lhe advém de Ministro de Estado, Portas agendou em visita oficial um encontro com o primeiro-ministro Drisse Jettun, dando-lhe respaldo para declarações de fundo sobre as relações políticas bilaterais, muito além dos campos da Segurança e Defesa, e muito além de Marrocos - sobre o interesse das relações de Portugal com o Magreb. A intenção de Portas é desenvolver a cooperação com Marrocos por via das indústrias aeronáutica, militar e naval, passando pela promoção do investimento nestas áreas. Desconhece-se exactamente o que isto dará ou o que isto já deu, sabendo-se que, em concreto, o ministro de Estado trará nas mãos, para Lisboa, um acordo sobre arquivos militares dos dois países. O que sendo muito pouco, diz ele que é muito importante. Vamos ver. Mas que foi Diplomacia de Ministro de Estado, lá isso foi, e muito diferente, qualitativamente, da infeliz incursão beirã que fez no Brasil, com frases de esquecer do Meu Primeiro Livro de Leitura.
Com Sampaio ali ao lado, na Argélia, e com Barroso logo a seguir na Tunísia, Portas em Rabat aproveitou bem o calendário. Sabemos que a Espanha acompanhou milimetricamente os seus passos. A França também, mas menos. Um acordo de arquivos não incomoda estes dois rivais na luta pela hegemonia do Mediterrâneo Ocidental, mas outras coisas sim. Portas sabe e Drisse Jettun sabe muito mais.
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