O Fundo para as Relações Internacionais foi criado para dar cobertura legal a uma verba de cerca de um milhão de contos que jazia à conta do MNE sem eficaz controle e que se foi juntar às parcelas das receitas consulares, melhor dito, ao dinheiro pago pelos Emigrantes pelo pagamento de actos administrativos executados pelos funcionários das Necessidades nos postos externos.
Quando, de forma incontornável, foi questionada ou estava prestes a ser questionada a transparência da gestão dessa verba significativa e que, de facto, correspondia a um saco azul, a criação de uma entidade que funcionasse - obviamente - sob tutela do MNE mas com "a natureza de fundo público, dotado de personalidade jurídica e de autonomia administrativa, financeira e patrimonial" foi o expediente escolhido entre outros possíveis, por ser talvez o mais seguro e poder continuar-se a fazer o que sempre se fizera: a redistribuição de dinheiros públicos por uma minoria de beneficiários.
Assim surgiu, já a década de 90 tinha batido, o Fundo para as Relações Internacionais, fórmula legalmente civilizada mas em todo o caso destinada a dar continuidade, embora de maneira parcialmente controlada, às práticas do Saco Azul onde se descoloririam tantos dinheiros consulares quanto os «processos arquivados» e que acabaria por receber, como que caído do céu, um cheque de um milhão de contos proveniente do Japão, obtido por verdadeira peripécia.
Nessa ocasião, era embaixador em Tóquio, José Eduardo de Mello Gouveia e segunda secretária de embaixada, Ana Maria Rosa Martins Gomes. Exacto, a mesma.
(Segue mas «mais acima» como nos rolos de papiro...)
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