30 abril 2004

Nem foi novidade a demissão de Maria José Stock do exonerado Instituto Camões

Esperava-se e não constituiu novidade – novidade seria se não batesse com a porta. Maria José Stock demitiu-se da presidência do Instituto Camões que há muito foi exonerado do MNE. A demissão era esperada porque no braço de ferro com a secretária de Estado Manuela Franco, o elo mais fraco era Maria José Stock, por natureza institucional ou por ausência dessa mesma natureza, sendo que a fraqueza começou logo por não conseguir provar nada do que disse contra o antecessor, Jorge Couto.

O Instituto Camões, em escassos dois anos, deixou de existir como o executor e o rosto visível da diplomacia cultural, da afirmação cultural externa e da acção cultural no estrangeiro. Foi uma omissão na política da língua e não fez a intromissão que devia ter feito na do ensino. Sem orçamento condigno, sem apoio «vivido» e «declarado» dos criadores e agentes culturais, vegetando ao sabor de uma rede de conselheiros culturais nas embaixadas, - desmotivados uns, sem qualidade outros, mordomizados os restantes - e protagonizando a descoordenação face ao Instituto do Livro e das Bibliotecas com as aventuras descredibilizantes deste no exterior, eis o retrato breve do «Camões» que pouco mais consegue fazer em todo o mundo do que a mera metade que o «Cervantes» faz em Lisboa. O Camões há dói dois anos que é um faz-de-conta.

Maria José Stock pouco ou nada podia fazer e falhada que viu a sua promoção para a Representação de Portugal na UNESCO, restava-lhe a demissão do exonerado Camões e a atitude foi, nas devidas proporções, um ensaio sobre a lucidez.

Todavia, vai ser muito curioso seguir o que está para vir e que nas devidas proporções parece que vai ser um ensaio sobre a cegueira, o que não é desadequado em função do logotipo.

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