21 outubro 2004

Briefing da Uma. Em Minsk, Marcelo enfrenta Lukachenko!

Briefing da Uma. «Merece um grande, enorme ponto de exclamação essa de Minsk!», diria o Embaixador Nunes Barata se voltasse a despedir-se de Lukachenko como embaixador não-residente junto da Bielorrússia.


1 – UE-Mercosul
2 – Consulados
3 – Arrependimento de Monteiro
4 – A grande notícia do dia na Bielorússia

«Senhoras e senhores, hoje temos que ser breves. Temos muito pouco tempo.»

1 – (Afinal, ontem, essa apregoada grande iniciativa diplomática portuguesa da reunião de dois comissários europeus com as chancelarias do Mercosul, foi o mesmo que a montanha parir um rato…) - «Discordamos. O processo negocial UE-Mercosul estava bloqueado. Bloqueado mesmo. As condições colocadas por cada uma das partes impedia retomar qualquer nova ronda negocial. As condições estavam já muito perto de se configurarem como condições prévias. A diplomacia de Lisboa motivou bem as duas partes e preparou bem a reunião onde a Comissão Europeia e o Mercosul onde na teoria e na prática pontifica o colosso do Brasil acordaram num calendário razoável para a retoma das negociações com realismo – ronda preparatória em Novembro e reunião ministerial decisiva ou decisória em Fevereiro de 2005. António Monteiro foi o arquitecto desta reunião facilitadora, os nossos diplomatas (em Bruxelas e sobretudo em Brasília responderam bem no terreno) e o objectivo razoável foi conseguido: relançar as negociações. Se Lisboa fosse a Lua, seria o mesmo que um pequeno passo nas Necessidades, um grande passo para os dois continentes. Mas, no meio disso, convenhamos que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, foi um mestre…»

2 – (Os consulados de Portugal não há meio de enveredarem por uma conduta pacífica ou pacificadora. Depois de Toronto, temos agora um episódio lamentável em Londres. Confirma?) - «Os cônsules portugueses, reconhecemos, assumem em muitos casos mais uma cultura autoritária de Estado do que uma cultura de serviço e de disponibilidade. Acreditamos, todavia, que tais casos sejam excepções na rede consular portuguesa que é imensa. Sobre o episódio de Londres, ainda hoje, NV vão transmitir alguma coisa. Por ora não dizemos mais».

3 – (O ministro António Monteiro segundo foi publicado em Toronto, arrependeu-se de ter retirado o diplomata Artur Magalhães do Ontário. Confirma?) - «Pelo que seguramente sabemos, essa história do arrependimento atribuída ao ministro corresponde a uma afirmação abusiva. Como abusivo foi que terceiros tenham tentado traçar um cenário de guerra pessoal entre o Embaixador em Otava e o Cônsul-Geral em Toronto. E se há lugar do mundo onde um cônsul português não deve ficar refém de terceiros ou distraidamente converter-se em marioneta dos mesmos, esse lugar é precisamente Toronto.»

4 – (O principal diário da Bielorrúsia afirma hoje em destaque na primeira página que Marcelo Rebelo de Sousa socorreu-se de Eça e de Ramalho para lembrar que a ‘opinião é legítima e justa’. Lukachenko deixou publicar isso e logo na primeira página?) - «De facto, como os senhores podem comprovar, o jornal diário Público é já consabidamente hoje o principal diário da Bielorrússia. Tal como em Portugal sob regime autoritário nos anos de 1960 e 70, a simples permissão da publicação de pensamentos como esses era um indício de abrandamento do regime ou, então, consoante a leitura, um sinal de fragilidade desse mesmo regime. É exactamente o que acontece hoje na Bielorrússia. Quando Lukachenko permite que o mais importante jornal diário de Minsk destaque em primeira página a afirmação de que a «opinião é legítima e justa», esse é um bom sinal de que esse país entrou numa fase de abertura política. E quando tal afirmação é atribuída a Marcelo Rebelo de Sousa que, como os senhores também sabem, é membro proeminente da ala liberal bielorrusa e um dos comentadores políticos mais estimados em Minsk, significa isso, tal como no Portugal de 70, Lukachenko já não controla o regime autoritário do seu país. Quem se recorda de Portugal antes da Evolução de Abril, uma frase simples como essa que hoje é banal em democracia, nesse tempo, era mais do que evolução, era já uma revolução! Que é o que deve estar a acontecer em Minsk.»

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