13 outubro 2004

Briefing da Uma. Sampaio/Prémio. Boataria nas Necessidades.

Briefing da Uma. Sampaio/Carlos V. Mapa da Europa recusável. Boataria/Jornalistas/FRI. «Ex-corde, a minha password», disse o Ministro plenipotenciário Charles Calixto avaliando o panorama.

1 – Sampaio/Espanha
2 – O mapa da Europa fundamentalista
3 – Boataria

1 – (Mas porque motivo Notas Verbais inauguraram a saloia galeria fotográfica com esse Carlos V a propósito do prémio espanhol dado ao Presidente Jorge Sampaio, prémio esse tão acidamente verberado?) - «Naturalmente que é sabido o pendor do Presidente Jorge Fernando Branco de Sampaio para os temas europeus, muito embora a sua passagem pelo governo apenas tenha meteoricamente tocado na Cooperação Externa que titulou como secretário de Estado entre 26 de Março de 1975 e 8 de Agosto seguinte. Mas, registe-se, até teve algum pioneirismo no meio português, quando como secretário-geral do PS elaborou um pequeno ensaio sobre Portugal e o Leste Europeu. Nada temos contra os prémios que a Espanha e os Espanhóis entendam criar e atribuir. O que dissemos e se mantém é que, por vezes, é mais importante deixar de receber um prémio do que recebê-lo. Carlos V é um dos piores exemplos que a Europa pode exibir para ilustrar o projecto de integração, os ideais da convivência inter-estatal, da partilha concertada e justa de soberanias e, em última análise, a construção de um espaço humanista, democrático e pacífico. O mundo muçulmano (mutadis mutandis – religião, armas, suportes financeiros e estrutura social, mas sobretudo a religião) vive hoje essa época com séculos de atraso. Sampaio certamente que merece um prémio de europeísmo e possivelmente todos os prémios de europeísmo. Mas com o nome de Carlos V, que nos desculpem os espanhóis, é demais. Será o mesmo que, daqui a quatro séculos, a Arábia Saudita atribuir um prémio de humanismo com o nome de Bem Laden. Carlos V fez no saque de Roma pior do que aconteceu no 11 M em Madrid, pior que nos Torres Gémeas em Nova Iorque. Carlos V não foi um percursor da Europa que queremos, foi um cruel autor e actor da Europa que não queremos. Além disso, importa dizer que a Espanha e os Espanhóis são «peritos» em prémios. Não há casa de móveis da província que não tenha uma taça comercial e um diploma de Alta Qualidade recebido em Madrid, por atribuição de algum comité que ninguém sabe o foi e se continua a ser, só que tudo muito bem pago sigilosamente pelos interessados… Muitos portugueses caíram nessa armadilha para gáudio e proveito de espanhóis sem escrúpulos.»

(Está a fugir à questão. O que é que isso tem a ver com o Prémio Carlos V ?) - «Tem a ver. Ou muitos nos enganamos ou esse prémio não foi atribuído, como se reclama, pelo europeísmo de Sampaio e ao europeísmo de Sampaio. Foi atribuído com intenções políticas, muito embora com esse pretexto. Como sabem, a Espanha tem um contencioso de fronteiras com Portugal que implica a delimitação de território em extensa e apreciável área que confronta o Alentejo com a Extremadura (de onde partiu o prémio). Num momento em que Madrid procura gerir um outro diferendo territorial potencialmente grave com o Reino Unido a propósito de Gibraltar e outro ainda com Marrocos, a Espanha tem todo o interesse em que Portugal abdique da questão, a faça esquecer, a deixe cair primeiro no plano político-diplomático e depois no próprio terreno. Conquistar a figura pessoal do Presidente da República, para tanto, será uma forma de exercer pressão para que o problema não seja levantado que é o que para já interessa a Madrid. Ora, sendo a Constituição Portuguesa clara nessa matéria, e bem avaliado o cenário, os personagens e os actores políticos deste prémio Carlos V, o Presidente da República deveria ter avaliado e sopesado a aceitação. Tal como por muita vontade de falar que tenha, o Presidente por vezes deve por vezes estar calado para garantir a serenidade, assim também nos prémios – por muita vontade que tenha de os receber, por vezes seria melhor recusar. Cremos ser este um caso – pelo nome do prémio e pelo cenário político que foi composto do lado espanhol, designadamente extremenho.»

(Mas o Mikhail Gorbachev também recebeu e ninguém se queixou…) - «E quem lhe disse que isso não foi uma arma para a diplomacia económica espanhola entrar no mercado russo? Vá às lojas do Povo em Moscovo e veja como o prémio Carlos V serviu.»

2 – (Falou dessa Europa pouco ou nada recomendável do Carlos V. Pode ser mais concreto?) - «Com certeza, vou ser concreto mostrando-vos o mapa dessa Europa desenhado com sangue, à força da espada, com recurso a mercenários recrutados por todo o lado. Vejam e não digo mais:




3 – (Há boatos nas Necessidades segundo os quais os jornalistas que receberam acreditação permanente no MNE estarão a beneficiar das verbas do FRI. Sabe alguma coisa? - «Tais boatos também já nos chegaram, designadamente por e-mails anónimos que valem o que valem – alguns, aparentemente enviados por diplomatas, são grosseiros e torpes mas sociologicamente válidos. No entanto, pelo que apurámos e não há razão para vos esconder, há dados aterradores relativamente a essa matéria, sendo a corrupção evidente. Tomem nota:

- 34 Correspondentes Estrangeiros que nem sequer tinham dinheiro para comprar um Dois Cavalos na sucata de Sacavém, todos eles adquiriram Ferraris, no que, por sinal, até foram aconselhados pelo Ministro da Defesa que, um a um, os acompanhou ao stand
- 10 desses Correspondentes Estrangeiros que apenas tinham um fato para tudo e para nada, dois pares de sapatos e três camisas dessas do Lidl, foram a Paris num Falcon disponibilizado por António Carneiro Jacinto que regressou com a carga máxima permitida, tudo em roupa das melhores marcas. Até parecem diplomatas, confesso-vos!
- 29 Jornalistas Portugueses, igualmente acreditados, que viviam ou em quartos alugados ou em miseráveis e já degradados T1 nas Telheiras, agora, cada um deles possui vastíssima vivenda na Arrábida, numa zona a que já chamam Aldeamento dos Cartõezinhos do MNE, por sinal, aconselhados pelo Ministro do Ambiente que dispensou tratamento personalizadamente deferente. Até parecem Conselheiros de embaixada após duas comissões em consulados-gerais, confesso-vos!
- Das 12 Jornalistas Mulheres, também acreditadas no MNE, que nunca tinham feito férias fora do País por evidente falta de dinheiro, 4 foram à Tailândia, China e Japão, 7 ao Canadá, EUA e México e 1 preferiu um périplo pelo Leste a terminar em Moscovo, com viagens de executivo e instalação em hotéis da máxima categoria, tudo pago pelo FRI. Á chegada ainda receberam, cada uma, um computador portátil, incontáveis jóias, contas abertas nas Ilhas Caimão e ainda bilhetes para todos os filmes de Manoel de Oliveira. Até parecem Ministras plenipotenciárias após quatro anos de acreditação como embaixadoras em seis capitais como não-residentes.
- 1 Jornalista também com o «cartãozinho» que, durante anos a anos, como relógio só tinha um velho Tissot de vidro partido que lhe fora oferecido por um comerciante de louças sanitárias apenas porque explicou ao filho onde ficava as Necessidades, agora exibe um Rolex de ouro puro pelo que antes de cada pergunta numa conferência de imprensa agita o braço e o pulso para todos vejam o Rolex também oferecido pelo FRI. Até parece um secretário-geral da CPLP, designadamente um Marcolino Moço, confesso-vos!
- Noutro caso verdadeiramente isolado e sui generis, 1 Jornalista que serviu na Marinha de Guerra e não passou de Terceiro Sargento pelo que garbosamente, nas confer~encias de Imprensa, exibia isto…




… bem, passou a exibir isto:



Foi promovido a Almirante de Esquadra, acumulando funções! Toda a gente se ri mas ele não se importa porque também tem conta nas Ilhas Caimão. Até parece um ex-assessor de Governo, confesso-vos!

- Finalmente, outros 2 Jornalistas com cartãozinho não escondem que serão a breve prazo directores, não sabemos se de um jornal, se de um rádio ou mesmo da televisão, surgiram inesperadamente vestidos como os filhos de Juan Carlos e andam também de Ferrari.

Até agora, foi o que apurámos. As instituições funcionam!»

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