Briefing da Uma. «Sobrevivem alguns ‘Condes de Tarouca’ no nosso MNE… mas ‘falta um Pombal’», diria o Ministro plenipotenciário Charles Calixto ao folhear o «Discurso Patético» do Cavaleiro de Oliveira.
1 – Saramago na Venezuela
2 – Camões/ambiente interno/episódio corriqueiro mas…diz tudo.
3 – Francisco Xavier de Oliveira
4 – E se Lisboa imita o pequeno-almoço de Paris?
1 – (Chega a notícia de José Saramago vai à Venezuela. É a diplomacia cultural portuguesa em acção?) - «O Nobel da Literatura/1998, José Saramago, vai à Venezuela no final de Novembro, dias 25 e 26. Vai a convite do ministro de Estado para a Cultura desse país, Francisco Sesto Novas. Nada mais temos a dizer sobre essa matéria.»
2 – (O ambiente interno do Instituto Camões é referido como instável, a avaliar uma notícia na imprensa de hoje. Tem algum comentário?) - «O jornal diário Público divulga hoje matéria para reflexão, a propósito da próxima nomeação de 23 adidos e conselheiros culturais. O jornal exibe mesmo um título duro – MNE acusado de racismo – a propósito de citada marginalização de uma candidata (Fátima Monteiro) a um desses desempenhos em Luanda e que terá sido preterida, segundo jornal, por ser de origem cabo-verdiana. Em síntese, Simoneta diz que não disse e Fátima Monteiro disse que ouviu, enquanto o porta-voz das Necessidades, António Carneiro Jacinto, isenta o ministro António Monteiro da confusão. Fátima Monteiro afirma nomeadamente que, anteriormente, face à sua candidatura, em Julho, para o cargo de chefe de divisão da Acção Cultural do Instituto Camões, tinha obtido a resposta directa de Simoneta segundo a qual não teria requisitos para o cargo. É o que os senhores leram ou podem ler e que, portanto, não tem relação directa e útil com o ambiente interno.»
(Mas não fuja à questão! Como é o ambiente interno?) - «Bem, podemos adiantar que nos chegam indícios de situações desagradáveis. Indícios, sublinhamos. Assim por exemplo há funcionários que se queixam de que todos os registos informáticos são passados a pente fino, o que. A ser verdade, é uma flagrante violação de direitos individuais. Há inclusivamente funcionários que já foram aconselhados a não consultarem Notas Verbais porque «podem ficar mal! Será bom que o ministro António Monteiro e o porta-voz das Necessidades António Carneiro Jacinto tomem conhecimento destes indícios, adornados por episódios caricatos.»
(Caricatos? Pode ser mais preciso?) - «Até nos custa falar de tais episódios, como compreenderão. Posso dar-vos um exemplo que é uma metáfora do resto. É um episódio corriqueiro mas dá uma ideia. Há duas semanas, num dia de calor intenso, o conhecido Conselheiro de embaixada Zeca Machuca, ao passar num corredor desse instituto autónomo do MNE, assistiu a uma cena digna daqueles filmes que retratam colégios internos e instituições afins. A sala é o local de trabalho de 5 pessoas, todas elas por sinal, das que têm contratos ilegais e que serão dispensadas em Dezembro. Uma premeditada Directora de Serviços, que andará desfeita pelo atropelo da quantidade de trabalho ao qual não é capaz de dar resposta, num gesto impetuoso e violento abriu a porta da referida sala e exaltadamente dirigiu-se às pessoas presentes nos seguintes termos: "EU QUERO ESTA PORTA SEMPRE ABERTA!!!". Nem o argumento do ar condicionado (a sala apanha Sol a tarde toda, pelo que calculamos que seja difícil 5 pessoas conviverem salutarmente numa sala de exíguas dimensões) a demoveu da sua demonstração de poder. Daqui às ameaças de processar quem apagar registos do computador, a passwords alteradas a pessoas que regressam de férias, aos gritos de chefias que ainda o não são formalmente, é um passo…»
(Este briefing está a defraudar. NV preocupam-se agora com coisas tão baixas? - «Foram os senhores que pediram exemplo do mau ambiente interno do instituto. Apenas citámos um. Há mais. Mas se, a vosso pedido, vos irrita um exemplo, aconselho-vos, a partir de agora a falarem com o motorista já conhecido no instituto como o Conde White Castle… É uma tristeza. E é pena! Porque Notas Verbais desde o primeiro momento saudaram a nomeação de Simoneta da Luz Afonso, o que não estamos arrependidos por ter feito em função do seu passado brilhante. O problema é o presente, como diria o ministro plenipotenciário Fernando Castro Brandão depois do episódio na Sala dos Embaixadores.»
3 – (O senhor, nos últimos dias, anda com esse livro de capa verde escura. O que é isso?) – «Obrigado, por essa pergunta. Trata-se de um livro fascinante e que reúne textos fundamentais de Francisco Xavier de Oliveira, o célebre Conde de Oliveira. Estou já no fim dessasa 246 páginas. Tem título comprido e tão comprido que cheira logo a século XVIII – 'Discurso Patético sobre as Calamidades Presentes Sucedidas em Portugal. Seguimento do Discurso patético, ou Resposta às Objecções e aos Murmúrios que Esse Escrito sobre Si Atraiu em Lisboa. O Cavaleiro de Oliveira Queimado em Efígie como Herético'. É uma edição da Frenesi, com excelente tradução de Jorge Pires, autor de resto de um posfácio. Implica relatos das embaixadas portuguesas desse século em Viena (Conde Tarouca) e Londres (Marquês de Pombal) e - quem diria! – tanta coisa continua actual. Sobrevivem alguns ‘Condes de Tarouca’ no nosso MNE… mas ‘falta um Pombal’, como diria o Ministro plenipotenciário Charles Calixto. Ficou sem dúvida o vestígio dessa diplomacia pura... Comprem o livro.»
4 – (Não chegou ao seu conhecimento, um pequeno-almoço muito estranho em Paris, promovido pelo chefe da diplomacia francesa, Michel Barnier?) - «Estranho? Chama a isso estranho? Estranho será que Lisboa não imitar. Barnier convidou efectivamente as embaixadores acreditadas na capital francesa (algumas igualmente acreditadas em Lisboa como não-residentes) para um pequeno-almoço cujo foco central foi precismente este – as mulheres que são embaixadoras e as embaixadoras que são mulheres. Se o ministro António Monteiro promovesse um almoço similar em Lisboa, a embaixadora da Turquia Zergun Koruturk não deixaria de ser centro de atenções, para não falarmos da embaixadora do Luxemburgo Sylvie Lucas, e da embaixadora deTimor-Leste, Pascolela Barreto… Seria, sem dúvida um pequeno-almoço concorrido!
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